domingo, 28 de novembro de 2010

O novo papel da Educação Especial

A nova política nacional para a Educação Especial é taxativa: todas as crianças e jovens com necessidades especiais devem estudar na escola regular. Desaparecem, portanto, as escolas e classes segregadas. O atendimento especializado continua existindo apenas no turno oposto. É o que define o Decreto 6.571, de setembro de 2008. O prazo para que todos os municípios se ajustem às novas regras vai até o fim de 2010.

O texto não acaba com as instituições especializadas no ensino dos que têm deficiência. Em lugar de substituir, elas passam a auxiliar a escola regular, firmando parcerias para oferecer atendimento especializado no contraturno.

Na prática, muda radicalmente a função do docente dessa área. Antes especialista em uma deficiência, ele agora precisa ter uma formação mais ampla. “Ele deve elaborar um plano educacional especializado para cada estudante, com o objetivo de diminuir as barreiras específicas de todos eles”, diz Maria Teresa Eglér Mantoan, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e uma das pioneiras nos estudos sobre inclusão no Brasil.

Ensinar os conteúdos das disciplinas passa a ser tarefa do ensino regular, e o profissional da Educação Especial fica na sala de recursos para dar apoio com estratégias e recursos que facilitem a aprendizagem. É ele quem se certifica, ainda, de que os recursos que preparou estão sendo usados corretamente. “Ele informa a escola sobre os materiais a serem adquiridos e busca parcerias externas para concretizar seu trabalho”, afirma Maria Teresa.

A princípio, esse educador não precisa saber tudo sobre todas as deficiências. Vai se atualizar e aprender conforme o caso. Ele pode atuar na sala comum de longe, observando se o material está sendo corretamente usado, ou estender os recursos para toda a turma, ensinando a língua brasileira de sinais (Libras), por exemplo. Quem souber se adaptar não correrá o risco de perder espaço. “O profissional maleável é bem-vindo”, garante Maria Teresa.

O momento atual é de construção. De fato, a inclusão na sala de aula está sendo aprendida no dia a dia, com a experiência de cada professor. “Mas não existe formação dissociada da prática. Estamos aprendendo ao fazer”, avalia Cláudia Pereira Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC).

Fonte: revistanovaescola.com.br

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Evasão Dificulta Avanços na Educação

23-Nov-2010
GoogleEstudo sobre a situação da educação no Brasil divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), na última semana, mostra que somente o acesso à educação não é o suficiente para se chegar à universalização do ensino fundamental. Além de facilitar a entrada dos alunos nas escolas, é preciso que as políticas públicas estejam direcionadas à finalização dos anos escolares.

De acordo com a pesquisa, em todo o País, 87,6% dos alunos concluem a quarta série do ensino fundamental, mas a taxa cai para 53,8% na conclusão da oitava série. Para a secretária de Finanças da CNTE e vice-presidente da Internacional da Educação, Juçara Dutra Vieira, existem fatores pedagógicos e sociais que influenciam nessa situação. “Nós ainda temos um grande problema que é a falta de vagas na educação infantil, que é mais cara porque exige um número menor de crianças no espaço tanto da sala de aula como da recreação. Então isso atua como um fator que prejudica a evolução dos estudos das crianças”, afirma.

Outro motivo que Juçara destaca para a queda da taxa da conclusão do ensino fundamental, refere-se ao atraso da idade das crianças com relação às séries em que estão matriculadas. Segundo a Secretária, é preciso mais do que ampliar a educação básica brasileira: é necessário que se corrija a distorção entre idade e série, porque as escolas têm muitas crianças com idade para estar no ensino médio e que ainda estão no ensino fundamental.

Para tentar mudar tal realidade, há um projeto que tramita no Congresso Nacional que pretende mudar a faixa etária da obrigatoriedade escolar dos 6 aos 14 anos para 4 aos 17. “Essa é uma iniciativa do Executivo e foi objeto de discussão na Conferência Nacional de Educação. A CNTE participou ativamente desse debate porque entende que ao expandir a escolaridade as crianças também são pré-destinadas a um sucesso escolar para conseguirem passar por aquele estágio de socialização que representa a educação infantil e o preparo para o ingresso no ensino fundamental”, acrescenta Juçara.

De acordo com a Secretária, os maiores problemas de conclusão do ensino fundamental estão situados nas regiões Norte e Nordeste, por dificuldades de locomoção e fatores de ordem socioeconômica. Entretanto ela ressalta que o Brasil deve se esforçar para que todas as regiões trabalhem para garantir o direito à educação básica às crianças.

Fonte: CNTE

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Desafio em Construir um PNE Democrático e Emancipador.

Nos próximos dias, o Ministério da Educação disponibilizará para consulta pública a minuta de Projeto de Lei versando sobre o Plano Nacional de Educação, que terá vigência nos próximos 10 anos. Assim como aconteceu na 1ª Conferência Nacional de Educação (CONAE), responsável pelas diretrizes do novo PNE, a sociedade será convidada a opinar sobre o Projeto, e as propostas que alcançarem consenso ou maioria deverão ser absorvidas pelo Plano. Dada a importância desse momento, sobretudo de seu caráter democrático, a CNTE convoca sua base para participar ativamente da consulta ao PNE, tal como aconteceu na CONAE e em suas conferências preparatórias.

A base para a intervenção sobre o PNE deverá ser as deliberações da CONAE. Nesta, a CNTE conseguiu estabelecer um amplo arco de alianças que contribuiu para a aprovação das propostas da Confederação e de suas afiliadas trazidas das conferências municipais e estaduais.

Fato a destacar é que o MEC comprometeu-se em elaborar a proposta de PNE contemplando os temas da CONAE. Por isso, devemos estar atentos para verificar essa abordagem no documento a ser apresentado pelo Ministério. Isso, todavia, não impede de propormos novas formulações, assim como de manifestarmos posição sobre temas que, eventualmente, não foram debatidos na CONAE, dentre eles, a obrigatoriedade de formação em nível superior para os novos profissionais que lecionarão nos ensinos fundamental e médio (ponto destacado no PLC 280 já aprovado no Senado) e a implementação do Concurso Nacional para ingresso na carreira do magistério.

Ainda do ponto de vista da valorização dos trabalhadores em educação, precisamos estar atentos às metas (i) de profissionalização dos funcionários de escola, também para contrapor os efeitos nefastos da terceirização dos serviços escolares; (ii) de oferta de formação inicial e continuada nas instituições públicas para todos os trabalhadores (professores e funcionários); (iii) de aumento do piso salarial profissional nacional para além da correção prevista na Lei, a fim de acelerar a valorização do trabalho social dos educadores do nível básico; (iv) de regulamentação do PSPN para todos os profissionais da educação (art. 206, VIII, CF); (v) de condições de trabalho e infraestrutura das escolas com vistas a melhorar a qualidade da educação.

Com relação ao financiamento da educação, a proposta da CNTE consiste em atingir um pico de 10% do Produto Interno Bruto para, em seguida, se estabilizar em 7%. O nível de investimento público é fundamental para assegurar a definitiva erradicação do analfabetismo, bem como para atender adequadamente ao novo preceito constitucional relativo à obrigatoriedade do ensino (da pré-escola ao médio) e de expansão da oferta de nível superior e pós-graduação.

Outras duas questões sensíveis à qualidade da educação e que terão de ser devidamente abordadas no novo PNE referem-se à gestão democrática e aos regimes de colaboração e cooperação entre os entes federados. A constituição do Fórum Nacional de Educação, o aprimoramento e a democratização das relações escolares e institucionais – a exemplo da formulação de políticas públicas através do Plano de Ações Articuladas –, a implementação das diretrizes nacionais de carreira (professores e funcionários) e o respeito às leis federais (PSPN), além de serem pautas decisivas de nosso movimento, evidenciam a necessidade de elaboração de Lei de Responsabilidade Educacional, em consonância ao PNE, a fim de respaldar os desígnios deste.

Fonte:

Consumo consciente


Aterros sanitários serão visivelmente reduzidos se adotarmos práticas de consumo consciente

Apesar de muitas vezes relacionarmos os termos consumo e aquisição de produtos como sendo sinônimos, o primeiro é, na verdade, um conceito mais abrangente. Consumir envolve outras etapas: o que consumir, porque consumir, como consumir e de quem consumir. Contempla, ainda, o consumo propriamente dito e, dependendo do que foi consumido, o uso e o descarte.

Para facilitar o entendimento, vamos dar um exemplo: o tomate. Antes mesmo de surgir a necessidade/vontade de se alimentar deste vegetal, é necessário que um determinado espaço de terra, seja preparado e depois semeado. A futura planta deverá, também, receber água e possíveis outros elementos para que cresça e dê tomates.

Já maduros, estes frutos serão colhidos e preparados para a venda. Recipientes para armazenamento e algum meio de transporte, para facilitar seu deslocamento para um mercado próximo, ou até mesmo outras cidades, estados, ou países; serão também necessários.

Ao comprar, provavelmente estarão embalados, mas você poderá sentir a necessidade de usar alguma sacola, para facilitar o transporte. Ao chegar em casa, precisará lavá-los, utilizando água e detergente, e provavelmente não precisará mais de suas embalagens. Caso retire as semente, as jogará no lixo e, caso algum estrague, o destino será semelhante.

Os tomates saídos da zona rural que se encontram mais amassados podem, também, ser encaminhados a indústrias, para se tornarem extrato de tomate – e neste processo, muitas outras etapas e processos inerentes ao consumo ocorrerão, incluindo aí a possibilidade da empresa depositar seus resíduos na água e ar, sem serem previamente tratados.

Em todos os processos, ou na maioria, há uso de matérias-primas, liberação de energia e utilização do trabalho humano e, em alguns casos, animais. Assim, o consumo envolve processos complexos e que podem tanto beneficiar quanto prejudicar pessoas e suas comunidades quanto o meio ambiente. Por tal motivo, um consumidor consciente, além de contribuir para a economia, contribui para que tenhamos uma sociedade mais justa e ambientalmente saudável, analisando os impactos do seu consumo, procurando fazer escolhas para minimizarem estes malefícios.

Assim, analisar a cadeia produtiva dos bens que deseja consumir; verificar se neste processo há situações em que prejudique sua saúde, de outras pessoas ou do meio ambiente são algumas formas de maximizar os impactos positivos do consumo até que este bem tenha condições de chegar até você. Depois disso, também pode fazer outras boas escolhas, como:

- Analisar a real necessidade de se consumir algo;

- Reduzir. Embalagens, por exemplo, de mussarela, podem ser reduzidas quando se opta por levar uma só, com a quantidade necessário de queijo que será utilizada na semana inteira, ao invés de todos os dias levar uma bandeja para casa. Ainda sobre embalagens, se você sempre utiliza achocolatado, talvez seria mais ambientalmente interessante – e proporcionalmente mais barato para seu bolso – levar uma embalagem de 500g do que uma de 300g. E lembre-se: procure levar sua própria sacola ou recipiente de compras ou, caso não tenha outra alternativa a não ser levar as sacolas de plástico, considere a sua capacidade real, armazenando o máximo possível de produtos em cada uma.

- Evitar o desperdício (fechar a torneira, colocar no prato somente aquilo que irá comer, procurar se satisfazer com menos produtos, etc).

- Recusar. Se metade das pessoas recusassem panfletos desnecessários, cerca da metade deles deixaria de ser fabricada; e reduziríamos este tipo de lixo pela metade.

- Reaproveitar ao máximo os alimentos e materiais. O SESC possui um guia de receitas fornecendo alternativas que diminuem o desperdício de alimentos, aproveitando cascas, talos e folhas. Quanto aos materiais, que tal utilizar aquela latinha de extrato de tomate para plantar mudas de plantasornamentais de pequeno porte?

- Após seguir ao máximo estas etapas anteriores, com certeza seu lixo doméstico será bem menor. Separe-o em recicláveis, lixo orgânico e lixo não reciclável. Os primeiros podem ser encaminhados para a coleta seletiva da sua cidade (caso tenha), catadores, cooperativas ou hospitais e instituições que reciclam. O segundo pode ser encaminhado para sistemas de compostagem, e somente o terceiro para aterros ou outras formas de encaminhamento de resíduos. Pilhas, baterias e lâmpadas podem ser devolvidos ao local em que os adquiriu, sendo estas empresas responsáveis pelo devido encaminhamento.

Ser um consumidor consciente é um grande e valoroso desafio. Não se trata aqui, necessariamente, de sacrifícios, mas de ter consciência do que se pode mudar, mesmo que se já gradativamente, em hábitos que são onerosos para a sua vida, de outras pessoas e do planeta, de forma geral.

Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia
Equipe Brasil Escol

sábado, 20 de novembro de 2010

Dia da Consciência Negra e o herói chamado Zumbi

Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência anti-escravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.

O nome Palmares foi dado pelos portugueses, devido ao grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.

O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados. A capital, era Macaco, na Serra da Barriga.

A Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma legião de 9.000 homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares. Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695, vítima da traição de Antônio Soares. “O corpo perfurado por balas e punhaladas foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife onde, foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo tempo”.

O Quilombo dos Palmares foi defendido no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.

A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

Amélia Hamze
Profª da FEB/CETEC
ISEB/FISO-Barreto

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Programa Saúde na Escola

O Programa Saúde na Escola (PSE) foi instituído através de um decreto assinado pelo atual presidente do Brasil. Em uma parceria entre a Secretaria da Educação e da Saúde, a solenidade de assinatura contou com as presenças dos ministros Fernando Haddad (Educação), e José Gomes Temporão (Saúde). Esse programa terá vigência a partir de 2008, quando 26 milhões de estudantes terão atendimento médico nas escolas onde estiverem matriculados.

Notícias informam que recursos na faixa de oitocentos e quarenta e quatro milhões serão destinados ao atendimento médico e odontológico de alunos da Educação Básica (da Educação Infantil ao Ensino Médio).

A partir de realização de consultas com otorrinolaringologistas e oftalmologistas e o diagnóstico precoce de hipertensão arterial nas salas de aula, estão previstos pelo programa o fornecimento de óculos e próteses auditivas para os alunos da Educação Básica das escolas públicas.

Dentro de 90 (noventa) dias, os ministérios da Saúde e da Educação devem consolidar acordos com as entidades federadas para promover as ações previstas no programa. Esse plano será instaurado nas instituições de ensino e serão programadas ações no sentido da aquisição de hábitos saudáveis de vida, como a atividade física e o incentivo à alimentação balanceada nas escolas. O Programa Saúde na Escola (PSE) é fundamental no Plano de Aceleração do Crescimento da Saúde, o “Mais Saúde”.

A partir do programa Saúde na Escola, serão incentivadas as oficinas de prevenção ao uso de álcool, tabaco e drogas em 56.550 escolas públicas de todo o Brasil. Constará também desse programa a Educação para a Saúde Sexual, assim como ações previstas sobre a prevenção da gravidez precoce e de doenças sexualmente transmissíveis , sendo desenvolvidas em 74.890 escolas de ensino técnico, médio e fundamental.

Serão designados recursos em torno de três milhões e trezentos mil para a realização das oficinas e distribuição de kits. Haverá um investimento total de oitenta e nove bilhões em saúde pública, nos próximos quatros anos. Esse é um programa que constitui um marco forte para que o Estado brasileiro garanta a todos os cidadãos o direito essencial à saúde.

Sabemos que, a melhoria da saúde da população é necessária como qualidade essencial para a ocorrência de toda e qualquer tática de redução da pobreza, de diminuição de desigualdades e de garantia e proteção dos direitos humanos. No entanto, agenciar a saúde, sem adequar à população as defesas sanitárias básicas e elementares, é dispersar recursos.

Há necessidade de que as atividades caracterizadas por esse programa de governo vinculem a capacitação de profissionais da área da saúde e da educação, na busca da conexão dos setores da saúde e da educação, adequando a formação profissional às prioridades da saúde, para o fortalecimento das instituições formadoras, no interesse da saúde do escolar. Deve-se considerar a importância da integração entre educação e saúde, sendo norteada também pelo compromisso e desenvolvimento do processo de educação constante dos trabalhadores da saúde.

Caso isso não aconteça, haverá má distribuição dos recursos públicos, pois os objetivos não serão alcançados e será mais um programa de governo com finalidade eleitoreira. Destaca-se a educação e a saúde, como tática de acesso à saúde neste processo de conscientização individual e coletiva de responsabilidades e de direitos à vida através da qualidade e do bem-estar. É um processo político pedagógico, que requer o desenvolvimento de um pensar crítico e reflexivo, permitindo instar a realidade e sugerir ações transformadoras que levem o indivíduo a sua autonomia e emancipação enquanto sujeito histórico e social capaz de indicar e opinar nas decisões de saúde para o cuidar de si, de sua família e da coletividade.

Fonte: Jornal Nota 10

Profª FEB/CETEC
ISEB/FISO

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Deputados cobram envio ao Congresso de plano de educação

Brasil, 11 de novembro de 2010
Parlamentares governistas e oposicionistas se declaram preocupados com a demora no envio, ao Congresso, da proposta de novo Plano Nacional de Educação (PNE) para 2011 a 2020, que precisa ser votada até 31 de dezembro. Segundo eles, o problema pode deixar o ensino do País sem metas e sem formas de aferição de resultados a partir de 2011.

O projeto que dará origem à nova versão da lei deve ser baseado nas resoluções da Conae (Conferência Nacional de Educação), realizada no primeiro semestre de 2010. A matéria está sendo avaliada pelo MEC, que pode acordar um texto final com a Comissão Organizadora da Conae durante uma reunião marcada para esta terça-feira, 16/11. O texto deverá ser remetido ao Congresso Nacional até o final deste mês. "Se não ocorrer o encaminhamento dentro do processo regular de iniciativa do Executivo, qualquer parlamentar terá a liberdade de fazê-lo", ressalta o deputado Carlos Abicalil (PT-MT).

De acordo com a Constituição, o plano deve definir objetivos e estratégias que assegurem a manutenção e o desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades. As metas de erradicação do analfabetismo, de universalização do atendimento escolar e de melhoria da qualidade do ensino também devem ser incluídas.

Peso constitucional

O deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) cobra do governo o imediato envio do plano ao Congresso. Segundo ele, que integra a Comissão de Educação e Cultura, o PNE ganhou importância ainda maior após a aprovação da Emenda Constitucional 59, em vigor desde o ano passado.

"O plano passou a ter o escopo constitucional, está na lei maior do País. E nós vamos ter um hiato jurídico, pois iniciaremos 2011 sem que a proposta esteja no Congresso para ser discutida e aperfeiçoada”, critica Marinho. “Caso o plano não chegue em tempo hábil, teremos uma dificuldade objetiva, de falta de metas, cronogramas e meios para verificarmos como anda a educação brasileira”, acrescenta.

Metas pendentes

O deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) lamenta o atraso no envio do PNE, sobretudo porque várias metas do atual plano ainda não foram cumpridas, segundo ele.

"Não atingimos, por exemplo, uma cobertura integral para crianças de 4 a 6 anos. Os indicadores de permanência no ensino fundamental e médio são precários e aproximam o Brasil dos países mais pobres. Então, o novo plano tem de elevar progressivamente o financiamento da educação — nós queremos 10% do PIB ao final de 10 anos — e se comprometer com a gestão democrática do setor", argumenta.
Fonte: Com informações da Agência Câmara

sábado, 13 de novembro de 2010

Atores e Espaços Escolares – o Gestor e sua Sala

Por: Wellington Barcelos

Instituições de ensino, por seus espaços físicos, geralmente são construções onde prédios encontram-se elevados, pátios estendidos e salas aglomeradas, prontos a receber pessoas capacitadas para exercer suas funções profissionais e pessoas que necessitam desse local e destes serviços para se preparar e se formar, mas muito mais do que estruturas físicas, as escolas são locais que precisam comprometer-se com a construção coletiva e a prática de bons projetos pedagógicos e com seus regimentos internos, a fim de facilitar o cumprimento de sua missão junto a comunidade local e a sociedade em geral.

Como mediador de todo este processo operacional e como profissional responsávelpela gestão humana e de todos esses espaços, encontra-se o diretor. É dele toda a responsabilidade da eficácia da política educacional e seu desenvolvimento, organizando e dinamizando, através dos recursos disponíveis, ações em prol de toda a comunidade escolar. De seu desempenho e habilidade, dependem a virtude do ambiente, a atuação dos profissionais e a qualidade do processo ensino aprendizagem, o que indiscutivelmente demanda a escolha de um local estratégico, que seja neutro, tranquilo, agradável e reservado, quando necessário, para a instalação de sua sala.

O gestor precisa ser uma pessoa, presente, dinâmica, visível e pronta a atender aos que buscam por resoluções e suas orientações profissionais e sua sala não deve ser um ambiente regulador de disciplina, nem um ambiente propício a punições administrativas descabidas, mas sim um local respeitável, agradável, arejado, muito organizado, decorado com temas pertinentes e sempre aberto a todos que a ele se dirigem, quando necessário.

Em contrapartida todos os visitantes e ou outros ocupantes deste espaço (caso tenha), precisam compreendê-lo como local de muita concentração, palco de muitas reuniões e setor responsável pela expedição de inúmeros documentos e da maioria das decisões necessárias para o bom andamento da instituição, o que requer dos mesmos, educação, postura, bom senso e respeito ao dirigir-se ou ocupar-se da sala da direção, bem como, agendar horários, fazer solicitações pertinentes e principalmente evitar agitações, comentários e telefonemas desnecessários, são atitudes fundamentais para o sucesso dos objetivos propostos, uma vez que se trata de um local bastante disputado e transitado, de grande complexidade e núcleo de novas e/ou relevantes decisões para o sucesso administrativo/pedagógico de qualquer espaço institucional educacional.

Fonte: http://www.meuartigo.brasilescola.com/pedagogia/atores-espacos-escolaresgestor-sua-sala.htm

A quem cabe a tarefa de educar os filhos?

Por: queila medeiros veiga

Nessa nova sociedade, midiática e cheia de atrativos, é muito fácil desviar a atenção dos valores adquiridos para os novos que adentram os lares pelos computadores, televisão, entre outros.

Como educadora que sou, vem sempre à mente uma questão: A quem cabe a tarefa de educar os filhos nos dias de hoje? A resposta pode ter vindo à cabeça imediatamente e estaria correta. Mas porque tenho a sensação de que algo está indo pela contramão?

Os filhos estão cada vez mais distantes da convivência familiar (familiar aqui não no sentido da tríade, pai, mãe e filhos, hoje sabemos que o contexto “família” já mudou). Ou estão com seus pares nos shoppings, nos lugares de lazer, ou assistindo TV, na internet, no vídeo game ou cumprindo uma extensa agenda (esportes, música, inglês...). E os pais, por conta dessa nova sociedade, cada vez mais fora de casa também, lutando pela sobrevivência, preocupados em não perder tempo, trabalhando, estudando, lutando mesmo, para que a família tenha melhores condições de vida.

Nessa busca perdem-se pelo caminho alguns valores e o convívio familiar vai ficando cada vez mais escasso.

Educar filhos não é uma tarefa que se aprende com a experiência simples de ter filhos, embora pareça que essa seja a única maneira de aprender. Muito menos a busca por “entendidos”, pois cada qual com sua contribuição formarão uma corrente com elos diferentes.

Educar filhos é mais que ensinar o certo e o errado, é mesmo trabalhar um projeto de vida, em que nele se definem objetivos e metas mesmo, sem querer aqui mecanizar essa tarefa, mas é assim se desejamos bons resultados.

Essa tarefa não se aprende com receitas e nem num passe de mágica, há um longo caminho a ser trilhado. Exige daqueles que dela participam, um esforço concentrado na melhoria das relações familiares e do convívio social.

Deixar de dialogar com os filhos, não ter tempo, alem de que suas respostas desconcertantes não nos permitem atuar dentro do papel de "adulto" que aprendemos com nossos pais, parece que o que aprendemos com nossos pais não funcionam, paramos perplexos, e estamos deixando que cresçam sozinhos, perdidos em seus mundos, muitas vezes exercendo uma crueldade ímpar, porque as crianças são naturalmente capazes de crueldades impensáveis e, diferente de nós, elas têm a exata noção do prazer que isto lhes causa. Claro que tudo isso observando-se dentro de um contexto sócio-histórico, com efeitos diferentes nas diferentes classes sociais, há que se pensar nessas gerações que hoje são nossas crianças e adolescentes.

O desafio é lutar pela melhor educação dos filhos numa sociedade que se transforma e faz cair por terra tudo o que tecemos durante a vida e aprendemos como certo e arraigado.

Entendo então, que a educação dos filhos ainda cabe em primeiro lugar para a família, ninguém a pode substituir.

Queila Medeiros Veiga
Pedagoga, com pós graduação em Educação Especial
Atualmente Coordenadora Pedagógica pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo na cidade de Sorocaba/SP

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

MARTIN LUTHER KING

Parafraseando o grande pastor Martin Luther King, há 15 anos – depois de passar por um câncer de mama, eu declaro que:

Eu tenho um sonho e o meu sonho faz parte do propósito de Deus para a minha vida.

Não desista de viver, não desista de você!

Pra Sandra de Andrade

Site: www.revife.com.br

Blog: www.revife.com

O pastor que tinha um sonho ousado

Por Carlos Gutemberg / Foto: Dick DeMarsico

O pastor protestante e ativista político Martin Luther King Jr. é visto como um dos maiores defensores da liberdade e igualdade. A dor de ver de perto a discriminação racial, levou esse grande pacifista a promover uma revolução em favor da justiça e da igualdade perante a lei e os costumes de sua nação. Infelizmente, a luta dele foi tragicamente interrompida na noite do dia 04 de abril de 1968, ocasião em que foi assassinado, em um hotel na cidade Memphis, nos Estados Unidos (EUA).

Como legado, King deixou sua pregação de heroísmo pacífico e pacificador, levantando uma bandeira em prol dos direitos igualitários dos negros, uma luta que continua, mas que já obteve vitórias significativas em seu país, a exemplo da vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais, tornando-o primeiro presidente negro norte-americano.

O pacifista nasceu em 15 de janeiro de 1929, na cidade de Atlanta (EUA). Ele é considerado um dos mais importantes líderes mundiais na luta pelos direitos civis, por sua campanha de não-violência e amor para com o próximo. Por conta disso, foi a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 1964.

“Eu tenho um sonho”

Seu discurso mais famoso, “I have a dream” (Eu tenho um sonho), realizado no dia 28 de agosto de 1963, é lembrado até hoje. Naquele dia, cerca de 250 mil pessoas, de todas as idades, etnias, formações intelectuais e profissões marcharam na capital norte-americana, Washington, até o Lincoln Memorial, com o propósito de despertar a consciência da nação sobre a condição econômica e social do negro naquele país.

Na chamada “marcha pelo emprego e pela liberdade”, o pastor protestante foi apresentado como um “líder moral da nação”. Em seu histórico pronunciamento, não muito longo, mas bastante enfático e emocionado, King falou de um sonho que, embora não tenha tido a oportunidade de realizar, jamais será esquecido. “Eu tenho um sonho de que meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação em que não serão julgados pela cor de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!”, declarou ele naquele dia.

Seus últimos anos de vida foram marcados por muitas adversidades. Após o reconhecimento de sua luta, com a conquista do Prêmio Nobel da Paz, que trouxe visibilidade mundial ao movimento encabeçado por ele, muitos dos seus aliados até pensaram que as coisas se tornariam mais fáceis. Na prática, no entanto, não foi isso o que ocorreu.

Em fevereiro de 1965, apenas dois meses após o Nobel, um destacado líder negro, Malcom X, foi morto a tiros. Duas semanas depois, no estado do Alabama (EUA), a polícia usou cães para dispersar um grupo de eleitores negros que tentava se alistar em um prédio do legislativo local.

Distúrbios passaram a ocorrer em várias cidades dos Estados Unidos. Em agosto de 1965, em um bairro de Los Angeles, na Califórnia, deu-se início a uma onda de tumultos que tinham como origem a intolerância racial. O movimento negro passou a sofrer severas oposições, especialmente das regiões onde predominava a população branca.

Lutando por direitos básicos

Antes de morrer, King organizou e liderou inúmeras marchas com o objetivo de conseguir o direito ao voto, o fim da segregação e das discriminações no trabalho, além de outros direitos civis básicos. Mais tarde, a maior parte destes direitos foi agregada à lei norte-americana.

Por sua histórica importância, um feriado nacional nos Estados Unidos foi estabelecido em 1986, para homenageá-lo, o chamado “Dia de Martin Luther King”, celebrado na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário dele. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.

Confira uma parte do famoso discurso de Martin Luther King, “I have a dream” (Eu tenho um sonho):

http://www.youtube.com/watch?v=q6_zeDrRgXQ

Fonte: www.blogdadilma.com.br

sábado, 6 de novembro de 2010

Valores Humanos – Como Trabalhar?


Discussões levam à reflexão das atitudes do dia a dia

Promover uma educação voltada para valores humanos é uma condição que toda escola deve estudar a fundo, pois os mesmos devem estar presentes nas relações cotidianas da instituição.

Para isso, é importante que a equipe de professores da escola se reúna a fim de discutir quais as formas de trabalhar esses valores, pois não podem ficar no senso comum, mas voltando-se para a internalização dos conceitos e práticas dos mesmos.

Um trabalho pode ser totalmente perdido se não existem bons exemplos das pessoas que compõem a estrutura da escola.

Devemos lembrar que uma das formas mais eficientes de ensinar é através do exemplo, dos bons exemplos, que são observados pelos alunos durante as aulas.

De nada adianta o professor pedir que não gritem, se grita para chamar a atenção de um aluno que não está atento às suas explicações. Não adianta pedir que trate o colega com respeito, se o professor os trata com desdém.

Alguns livros podem ajudar no desenvolvimento de um bom projeto, como o “Se ligue em você”, de autoria de Luiz Antônio Gasparetto, onde o autor faz uma abordagem dos sentimentos que temos diante das várias situações vividas, e que devemos aprender a administrá-los para que nossa luzinha interior fique sempre acesa.

No livro são abordados temas como inveja, ciúme, frustração, raiva, compaixão, solidariedade dentre outros, que aparecem quando a luzinha da pessoa está apagada. Vale a pena conferir!

Outra sugestão é quanto à Coleção Valores, de Brian Moses e Mike Gordon, divididos em quatro volumes. Nesses, podemos encontrar uma variedade de sentimentos e exemplos de vida, onde são apresentadas condições de aprender sobre responsabilidade, sobre respeito, sobre convivência e sobre honestidade.

A coleção é própria para crianças, mas pode ser trabalhada com adolescentes e jovens, aproveitando os exemplos citados nas histórias.

A abordagem é simples, honesta, sem dar lições de comportamento, manipulando os leitores, pelo contrário, faz os mesmos a aprenderem a lidar com suas limitações, além de mostrar que todas as pessoas passam por dificuldades na vida.

Através de interrogações, os autores dão a oportunidade dos leitores refletirem sobre suas atitudes, sobre os problemas existentes nas relações pessoais, problemas que acontecem no mundo, sobre a reação das pessoas ao serem bem tratadas, etc.

É papel da escola se voltar para uma educação permeada nos valores humanos, até porque estes devem aparecer dentro dos conteúdos que abordam a pluralidade cultural, o respeito às diferentes culturas, etnias, ideologias, religiões, dentre outros.

O importante é desenvolver um trabalho voltado para o exercício dos bons valores humanos, considerando que nem tudo acontece como queremos, mas de acordo com os interesses coletivos, do grupo, e que temos que controlar nossas emoções diante das adversidades.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Fonte; www.brasilescola.com.br

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Jean Piaget - O biólogo que colocou a aprendizagem no microscópio

O cientista suíço revolucionou o modo de encarar a educação de crianças ao mostrar que elas não pensam como os adultos e constroem o próprio aprendizado

Márcio Ferrari (novaescola@atleitor.com.br)

Foto: Camera Press
Foto: Camera Press

Jean Piaget (1896-1980) foi o nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século 20, a ponto de quase se tornar sinônimo de pedagogia. Não existe, entretanto, um método Piaget, como ele próprio gostava de frisar. Ele nunca atuou como pedagogo. Antes de mais nada, Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança.

Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética - isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios, desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.

"A grande contribuição de Piaget foi estudar o raciocínio lógico-matemático, que é fundamental na escola mas não pode ser ensinado, dependendo de uma estrutura de conhecimento da criança", diz Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

As descobertas de Piaget tiveram grande impacto na pedagogia, mas, de certa forma, demonstraram que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condições de absorver. Por outro, mesmo tendo essas condições, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos cognitivos.

Isso porque, para o cientista suíço, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz - um mecanismo que outros pensadores antes dele já haviam intuído, mas que ele submeteu à comprovação na prática. Vem de Piaget a idéia de que o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtivista.

Educar, para Piaget, é "provocar a atividade" - isto é, estimular a procura do conhecimento. "O professor não deve pensar no que a criança é, mas no que ela pode se tornar", diz Lino de Macedo.

Assimilação e acomodação

Com Piaget, ficou claro que as crianças não raciocinam como os adultos e apenas gradualmente se inserem nas regras, valores e símbolos da maturidade psicológica. Essa inserção se dá mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação.

O primeiro consiste em incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais preexistentes. Por exemplo: a criança que tem a ideia mental de uma ave como animal voador, com penas e asas, ao observar um avestruz vai tentar assimilá-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido. Já a acomodação se refere a modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo. Assim, depois de aprender que um avestruz não voa, a criança vai adaptar seu conceito "geral" de ave para incluir as que não voam.

Estágios de desenvolvimento

Um conceito essencial da epistemologia genética é o egocentrismo, que explica o caráter mágico e pré-lógico do raciocínio infantil. A maturação do pensamento rumo ao domínio da lógica consiste num abandono gradual do egocentrismo. Com isso se adquire a noção de responsabilidade individual, indispensável para a autonomia moral da criança.

Segundo Piaget, há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo. O primeiro é o estágio sensório-motor, que vai até os 2 anos. Nessa fase, as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. É um período anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos a sua volta.

O estágio pré-operacional vai dos 2 aos 7 anos e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. A criança continua egocêntrica e ainda não é capaz, moralmente, de se colocar no lugar de outra pessoa.

O estágio das operações concretas, dos 7 aos 11 ou 12 anos, tem como marca a aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e a
habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e número.

Por volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais. Essa fase marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos. O adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental. Isso implica, entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses.

Para pensar

Os críticos de Piaget costumam dizer que ele deu importância excessiva aos processos individuais e internos de aquisição do aprendizado. Os que afirmam isso em geral contrapõem a obra piagetiana à do pensador bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934). Para ele, como para Piaget, o aprendizado se dá por interação entre estruturas internas e contextos externos. A diferença é que, segundo Vygotsky, esse aprendizado depende fundamentalmente da influência ativa do meio social, que Piaget tendia a considerar apenas uma "interferência" na construção do conhecimento. "É preciso lembrar que Piaget queria abordar o conhecimento do ponto de vista de qualquer criança", diz Lino de Macedo em defesa do cientista suíço. Pela sua experiência em sala de aula, que peso o meio social tem nos processos propriamente cognitivos das crianças? Como você pode influir nisso?

Ajudando o desenvolvimento do aluno

Brincadeira de casinha: estímulo aos alunos na idade da representação. Foto: Masao Goto Filho
Brincadeira de casinha: estímulo aos alunos
na idade da representação.
Foto: Masao Goto Filho

A obra de Piaget leva à conclusão de que o trabalho de educar crianças não se refere tanto à transmissão de conteúdos quanto a favorecer a atividade mental do aluno. Conhecer sua obra, portanto, pode ajudar o professor a tornar seu trabalho mais eficiente. Algumas escolas planejam as suas atividades de acordo com os estágios do desenvolvimento cognitivo. Nas classes de Educação Infantil com crianças entre 2 e 3 anos, por exemplo, não é difícil perceber que elas estão em plena descoberta da representação. Começam a brincar de ser outra pessoa, com imitação das atividades vistas em casa e dos personagens das histórias. A escola fará bem em dar vazão a isso promovendo uma ampliação do repertório de referências. Mas é importante lembrar que os modelos teóricos são sempre parciais e que, no caso de Piaget em particular, não existem receitas para a sala de aula.

Biografia

Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1896. Aos 10 anos publicou seu primeiro artigo científico, sobre um pardal albino. Desde cedo interessado em filosofia, religião e ciência, formou-se em biologia na universidade de Neuchâtel e, aos 23 anos, mudou-se para Zurique, onde começou a trabalhar com o estudo do raciocínio da criança sob a ótica da psicologia experimental. Em 1924, publicou o primeiro de mais de 50 livros, A Linguagem e o Pensamento na Criança. Antes do fim da década de 1930, já havia ocupado cargos importantes nas principais universidades suíças, além da diretoria do Instituto Jean-Jacques Rousseau, ao lado de seu mestre, Édouard Claparède (1873-1940). Foi também nesse período que acompanhou a infância dos três filhos, uma das grandes fontes do trabalho de observação do que chamou de "ajustamento progressivo do saber". Até o fim da vida, recebeu títulos honorários de algumas das principais universidades européias e norteamericanas. Morreu em 1980 em Genebra, Suíça.