sábado, 17 de abril de 2010

Hip Hop e Rap na Sala de Aula

Trabalhar com turmas de ensino fundamental II e ensino médio requer muita criatividade dos profissionais da educação, para que as aulas não se tornem desagradáveis e cansativas, o que causa apatia e desinteresse dos alunos.

Um ótimo atrativo para se desenvolver um bom trabalho é levar para a sala de aula elementos que estejam diretamente ligados à cultura popular da classe jovem, que fale a mesma linguagem deles.

Através de um projeto que utilize os estilos musicais Hip Hop e Rap, dá para se integrar várias áreas, fazendo um trabalho interdisciplinar.

O rap (ritmo e poesia) é de origem jamaicana, apareceu por volta dos anos 60 nos guetos e nas periferias. Sons eram instalados pelas ruas, tendo sempre um DJ e um “toaster” (que fala durante a execução da música).

Acredita-se que o rap tenha sido a força para o hip hop, pois muitos jovens emigraram para os Estados Unidos, em razão dos problemas políticos e econômicos que o país passava na época, através de Kool Herc, um dos maiores DJs.

O surgimento do hip hop também é marcado pela opressão social sofrida pelas classes mais abastadas, porém nos Estados Unidos, já na década de 70. Da mesma forma, os jovens passaram a reivindicar seus direitos, através de letras musicais ritmadas e poéticas, porém tanto quanto hostis.

O hip hop é uma cultura criada nas ruas, através da união desses jovens de periferias, atrelando a expressão de quatro vertentes artísticas: o grafite, os DJs, os MCings (rimas improvisadas) e o break (estilo de dança).

Desses movimentos surgem as letras agressivas e questionadoras, contra as imposições das leis, as injustiças sociais, violência nas favelas, a desvalorização do negro na sociedade, sexo, drogas, dentre outros.

Basta pesquisar um pouco pra perceber que a diversidade cultural desses movimentos é muito rica, podendo ser bem explorados no contexto escolar.

Em língua portuguesa e literatura, as letras das músicas podem ser exploradas, pois são de alta qualidade. No Brasil, existem grandes nomes do hip hop e do rap, que podem ser trabalhados e interpretados pelos alunos. Exemplo disso é o cantor Gabriel, que se intitulou como “o pensador”, com letras que dão destaque aos preconceitos estabelecidos pela sociedade. MV Bill já é um rapper mais atual, dos anos 90, que viveu sob os massacres da Cidade de Deus no Rio de Janeiro.

Das bandas internacionais, podemos destacar o grupo Eminen, que também apresenta letras agressivas, integradas à realidade social, sempre questionando os culpados dos problemas sociais, a falta de políticas próprias para as populações periféricas, etc.

Em história, pode-se levantar o surgimento dos dois estilos, através de pesquisas mais detalhadas, além de pesquisar a origem das bandas, a formação dos grupos, levando para análises críticas e político-sociais, buscando entender o que pretendem atingir com a agressividade das letras.

Em geografia, pesquisar sobre as áreas nas quais os movimentos apareceram, como vivem essas populações periféricas, as condições precárias das favelas, falta de saneamento básico, etc.

O grafite do movimento hip hop deve integrar as aulas de artes e história da arte, onde os alunos produzam obras de arte em tecidos, cartazes ou mesmo numa parede cedida pela direção da escola. Mas tudo deve ser embasado em lutas sociais, reivindicações para uma sociedade mais justa.

O tema proposto serve de palco para grandes discussões dentro de sociologia e filosofia, levantando-se questões sobre os movimentos sociais, as divisões da sociedade em classes, os direitos e deveres dos cidadãos, o que se busca atingir com tais estilos musicais, como os jovens de hoje reagem diante dos ritmos apresentados, etc.

Todo o projeto vai caminhar de acordo com os interesses da turma, atrelados aos objetivos dos professores, para que não se percam o fio dos conteúdos a serem integrados ao mesmo.

Porém, o principal de se trabalhar com projetos é o “fazer/produzir”, que possibilita a criatividade dos envolvidos e motiva para uma aprendizagem de qualidade, voltada para o desenvolvimento integral dos sujeitos, inseridos na sociedade. E através dessas aulas, teremos alunos realizados e transformados.

Por Jussara de Barros /Equipe Brasil Escola

Editado por: Adão Maximo Trindade

Teologo e graduando em Pedagogia

Desenvolvendo a Criatividade

Trabalhar a criatividade é uma forma de deixar qualquer aula mais dinâmica e proveitosa, pois incentiva os alunos a participarem com maior dedicação.

Sem se preocupar com a disciplina, estimular a criatividade é uma forma dos professores darem a chance de seus alunos irem atrás do conhecimento, de fazerem descobertas, de identificarem elementos fundamentais para se comprovar as teorias e os conteúdos escolares.

Hoje em dia a visão de educação mudou muito e os professores não são mais vistos como os detentores do saber, mas aqueles que promovem situações de circulação do conhecimento dentro da sala de aula.

Os alunos são cheios de ideias e intenções, mas muitas vezes os professores não permitem que os mesmos as exponham, impedindo o que poderia se transformar numa aula maravilhosa.

Apresentar trabalhos em forma teatral é uma maneira de propor o desenvolvimento dessa habilidade e a exposição pode se tornar um elemento fundamental para a aprendizagem.

Além disso, conhecer os vários gêneros teatrais, como: tragédia, comédia, drama, romântico, sátira, musical, marionetes e fantoches, evangélicos, pantomimas, monólogos; enriquecerá o lado cultural dos alunos.

Partindo de um conteúdo específico, o professor pode propor que um único grupo faça uma apresentação para o restante da turma. Dessa forma, o trabalho não ficará cansativo, como quando todos da sala apresentam a mesma matéria.

Ao iniciar o ano letivo, o docente poderá propor as apresentações como rodízio, mas os combinados devem ir de encontro com o interesse dos estudantes.

Com o desenvolvimento desse projeto, além do grupo que apresenta ter que dominar o conteúdo, os outros colegas da sala poderão esclarecer suas dúvidas sobre a matéria, podendo levantar perguntas e discussões após as apresentações.

Os alunos adoram esse tipo de trabalho, pois quebra a rotina do dia a dia na escola, na sala de aula, que se torna cansativa ao longo do ano letivo.

Até para aqueles que apresentam problemas de indisciplina, o estudo torna-se agradável e mais eficaz, pois quando o mesmo é o responsável pela apresentação, leva com muita seriedade e responsabilidade o trabalho que tem que apresentar.

As apresentações devem ter tempo limitado, para não prejudicar o andamento das aulas. Vinte minutos é o tempo necessário para se fazer uma boa encenação, envolvendo todas as disciplinas da grade curricular, como história, geografia, matemática, português, língua estrangeira, química, biologia, informática, artes visuais, etc., bem como qualquer série de ensino fundamental e médio.

Elementos como cenários e roupas devem ser montados pelos próprios alunos do grupo, mas desde que o professor limite-os a evitar despesas desnecessárias. É bom lembrar que customizar roupas ou fazê-las em papel ou TNT traz ótimos resultados.

Com isso, os professores terão a oportunidade de demonstrar confiança nos alunos, nas matérias e conteúdos trabalhados, além de valorizar e incentivar o desenvolvimento do potencial criativo e imaginativo de crianças e jovens, levando aos mesmos o benefício de ter uma autoestima elevada.

E os resultados serão mesmo satisfatórios e surpreendentes! Experimente!

Jussara de Barros /Equipe Brasil Escola

Editado por: Adão Maximo Trindade

Teologo e Graduando em Pedagogia