Por Ocimara Balmant
Os pais precisam tomar cuidado para não se iludirem com a fantasia de que toda escola particular é melhor que a pública, dizem os especialistas. "Muitas dessas novas escolas se travestem. Elas pintam a parede, colocam bichinhos, brinquedos coloridos e um funcionário com uniforme bonito na entrada", explica Silvia Colello, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). "A mãe fica com a sensação de que está colocando o filho na escola dos deuses."
Para o professor Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o ideal é que seja criado um sistema de avaliação para as escolas particulares de ensino fundamental. "O crescimento da procura revela claramente que as famílias estão insatisfeitas com a escola pública. Por isso, é importante ter um critério de avaliação. Só assim a família vai poder comparar e conhecer a qualidade dessa escola."
O temor da professora Neide Noffs, da Faculdade de Educação da PUC, é que ocorra com o ensino fundamental o mesmo que aconteceu com o ensino superior privado. "Começaram a surgir faculdades baratas, sem plano de carreira para os docentes e sem estimular a produção científica. Deu acesso, mas não qualificou o estudante. Ele se forma e não consegue emprego. Será que não vai ocorrer o mesmo? O aluno termina o fundamental e não sabe o que deveria saber?"
Para o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), Benjamin Ribeiro da Silva, é preciso colocar o tema da qualidade em perspectiva. "Não dá para vender um VW e entregar uma Mercedes. Mas o prometido precisa ser cumprido. Bom currículo e bons professores é o mínimo."
Escola barata
NEIDE NOFFS, PROF. DA FAC. DE EDUCAÇÃO DA PUC: "É complexo fazer boa educação cobrando pouco. Os professores precisam ser bem formados."
PRESTE ATENÇÃO
1.Ensino: Peça para conhecer o projeto pedagógico do colégio. Esse é um direito dos pais, o de saber a qual conteúdo curricular o seu filho terá acesso durante todo o ano letivo.
2. Professores: Verifique se o corpo docente é qualificado e participa de cursos de atualização. Lembre-se de que o seu filho não está ali só para ser cuidado. Ele precisa aprender.
3. Legalização: Confira se a escola está regularizada com a diretoria de ensino. Escolas irregulares são impedidas de expedir Diploma.
4. Bolso: Cheque qual é o preço do material didático. Há casos em que as apostilas custam quase o preço da mensalidade. E ainda é preciso comprar uniforme. Não feche negócio sem saber o impacto dos gastos complementares.
5. Acompanhe: Não basta só pagar a escola, é preciso acompanhar se o colégio está oferecendo o pacote de produtos e serviços que ofereceu.
6. Denuncie: Se a escola não estiver cumprindo os deveres contratuais, não hesite em acionar a delegacia de ensino da região.
Fonte: O Estado de São Paulo (SP) /