quinta-feira, 26 de novembro de 2009

"Entre Les Murs".


Resumo exclusivo aos graduando em Pedagogia da UFOP- Alvinopolis-Mg, um vez que o filme realcionado foi solicitado como exigência à disciplina de atvidades Cientifico-Cutural


Entre Les Murs”acompanha um ano lectivo dum professor e da sua turma numa escola dum bairro problemático de Paris, microcosmos da multi-etnicidade da população francesa e espelho dos contrastes multiculturais dos grandes centros urbanos de todo o mundo.
O professor François (interpretado pelo próprio François Bégaudeau, autor do livro que deu origem ao filme) e os seus colegas de trabalho, preparam-se para mais um desafiante e complicado ano escolar. Cheios de boas intenções, estão decididos a não deixarem que o desencorajamento os impeça de tentar dar a melhor educação aos seus pupilos. No entanto, as culturas e as diferentes atitudes colidem frequentemente dentro da sala de aula, provocando um ambiente instável e conflituoso entre os alunos. François que sempre insistiu numa atmosfera de respeito e empenho dentro da sala de aula, vê os seus métodos de ensino serem postos em causa pelos seus irredutíveis alunos, algo que o obriga a repensar a sua estratégia de ensino e a criar diversas maneiras que estimulem a aprendizagem da sua turma.
Como se pode facilmente deduzir pelo resumo em cima descrito, o argumento de “Entre Les Murs” elabora uma competente e interessante crónica sobre a constante “luta” entre professores e alunos.
O filme descreve de forma muito real e explícita, os confrontos praticamente diários entre duas figuras completamente distintas em termos de poder e autonomia, mas que no final do dia estão no mesmo barco educativo. Esta obra de Laurent Cantet é altamente imparcial não tomando partido de nenhum dos lados, não ataca indiscriminadamente os métodos tradicionais de ensino mas também não coloca os professores num pedestal superior ao dos alunos que são caracterizados sem qualquer estereotipo de perfeição ou desleixo, são tidos como simples adolescentes provenientes de diversas culturas e escalões da sociedade.
Ao actuar desta maneira, o argumento consegue transmitir ao espectador uma ideia credível e imparcial do que realmente se passa em muitas escolas públicas europeias, onde os problemas sociais e comportamentais afectam todos os indivíduos envolvidos no processo educativo porque nenhum deles é perfeito.
“Entre Les Murs” não tem como função criticar o sistema educativo francês ou europeu, é de conhecimento geral que o sistema público nunca será melhor que o privado em termos de condições mas pode supera-lo em termos pedagógicos e é essa a verdadeira função do filme, mostrar como é que isso pode ser possível.
Através das aulas do professor François, podemos concluir que o trabalho dum bom professor é muito amplo e não se limita ao ensino da matéria, um bom docente deve ter muita paciência e criatividade para poder lidar convenientemente com um grupo heterogéneo de adolescentes que exige muito de um só individuo, também é verdade que o professor deve mostrar firmeza na hora de dialogar com os alunos mas também deve mostrar algumas ideias de diplomacia na hora de explicar aos alunos as regras básicas do respeito e do convívio social, não só entre eles mas também entre o público geral. Estas são algumas das ideias que o filme pretender passar ao espectador, ideias essas que pretendem melhorar um sistema educativo público que lecciona milhões de indivíduos em todo o mundo e que de certa forma, os prepara para enfrentar a difícil realidade laboral e social.

“Entre Les Murs” foca-se no campo educacional mas também abrange o campo cultural já que a turma do professor François, apresenta uma ampla variedade de etnias e culturas que nem sempre se dão bem. Ao longo do filme são vários os choques ideológicos que emergem nas discussões da sala de aula, todos eles tem um fundamento bastante real e são “resolvidos” através da diplomacia e do bom senso que a figura do professor tenta transmitir. Estes “conflitos” ideológicos funcionam como um espelho da realidade vivida em muitas das escolas públicas e privadas dos grandes centros urbanos, no entanto, ao contrário do que acontece no filme, muitos desses conflitos reais não são sanados e podem acarretar graves consequências sociais, psicológicas ou físicas para os alunos.

Laurent Cantet aborda esta complexa histórica dramática duma forma extremamente competente e preceptiva, fá-lo através duma realização eficaz que se aproxima da simplicidade dum documentário ou duma reportagem televisiva, sem nunca entrar em exageros dramáticos ou irrealistas. Cantet transmitiu da melhor maneira uma história complexa e com fundamentos reais que só poderia ter sido abordada desta maneira, com muita humanidade e simplicidade.
O elenco do filme é composto por actores amadores, sem qualquer experiência no mundo do cinema.
Os alunos que compõem a turma são todos vulgares adolescentes que foram escolhidos entre alunos dum liceu francês, com quem Laurent Cantet trabalhou todas as semanas durante um ano lectivo em ateliers de improvisação e Workshops de representação. François Bégaudeau, o autor do livro que originou o filme, também se estreia como actor em “Entre Les Murs”.
Apesar da sua falta de profissionalização e experiência, estes actores conseguiram apresentam uma performance bastante interessante que é movida por uma naturalidade impressionante que atribui credibilidade e realidade à história que é contada.

“Entre Les Murs” é um poderoso drama realista que oferece uma autêntica lição de vida, sobre a ampla sociedade cultural em que vivemos e sobre a difícil tarefa de ser professor numa sociedade como esta. Um filme imperdível!
Por : Adão Maximo Trindade

PRO DIA NASCER FELIZ- RESUMO DO FILME-UFOP


Este resumo destina-se exclusivamente aos graduandos em Pedagogia da UFOP-MG, que neste momento do estudo cientifico-cultural, foram orientados a assistir este documentario para ser debatido em seguida num seminario acadêmico.
O filme do diretor João Jardim, Pro dia nascer feliz apresenta depoimentos de alunos e professores de escolas públicas e privadas de várias regiões do país. É um filme tocante, sim, mas para um educador, pouco do que ali está apresentado realmente pode fazer alguma diferença ou mesmo sensibilizar.

A realidade educacional brasileira é muito complexa. Como o próprio filme registra, em 1962 apenas metade dos 14 milhões de jovens freqüentavam a escola. Hoje, 97% das crianças e jovens em idade escolar estão regularmente matriculados, mas isso não significa qualidade de ensino e aprendizagem. Pelo contrário…
O Brasil sempre aparece nas últimas posições em pesquisas que analisam leitura, escrita e raciocínio lógico. Durante décadas o país privilegiou o ensino superior e acabou esquecendo a educação básica.

O estado se mostra preocupado em consertar a situação, mas resolveram fazer isso tarde demais. Não que não seja mais possível, mas nada será resolvido com medidas paliativas. Para mudarmos o quadro, precisamos de tintas completamente novas.

Um fato alarmante: a maioria dos professores brasileiros (mais de 60%, pra ser exato) atualiza-se apenas através da televisão. Muitos não lêem livros e nem têm acesso à internet. Isso sem falar nos ridículos salários que recebem… Para um professor viver bem numa cidade grande, sozinho, precisa receber pelo menos dois mil reais. Se tiver esposa e filhos, o salário precisaria passar fácil dos três mil reais. Porque um professor não deveria pagar apenas contas de luz, água, telefone e cesta básica. Todo professor deveria ser um assíduo freqüentador de cinema, teatro e shows, deveria constantemente acessar a internet, fazer cursos de atualização, especialização, mestrado, doutorado, deveria mensalmente comprar aqueles livros que as editoras não enviam aos professores, porque um professor não deveria e nem poderia ler apenas o que trabalha com seus alunos.

É claro que essa constante atualização por que deveria passar qualquer professor não significa obrigatoriamente melhoria da qualidade de ensino. Um professor que fez apenas sua graduação e recebe um salário baixo pode ser muito melhor do que um professor experiente, com vários títulos em seu currículo e uma renda gorda. Uma aula boa, um professor que prenda a atenção de seus alunos e que consiga ensinar corretamente depende muito mais de disposição e garra do que de experiência e grana.

A verdade é que a sociedade não prestigia o trabalho do professor. Nem o governo. O que acontece então?! Professores desestimulados, desatualizados e desinformados geram alunos desestimulados, desatualizados e desinformados… É claro que a coisa não é tão simples.

Um grave problema, perceptível em qualquer classe social, de acordo com o filme, é o fato de que os pais dos alunos também não os estimulam, também não acreditam em seus filhos. Às vezes nem vêem seus filhos diariamente. Isso prejudica radicalmente o trabalho do professor. Para o aluno, ter reconhecido seu esforço por parte dos pais é fundamental. Se os pais não acreditarem em seus filhos, ninguém mais acreditará. É claro que existem pais dedicados, o que também não garante um bom desempenho escolar do filho, mas já é meio caminho. O que um pai não pode esperar da escola é que seu filho sairá formado com excelentes notas e um bom intelecto sem que ele apóie seu filho e a escola, o trabalho que ela desenvolve.

Como sugere uma professora no filme, talvez a escola, nos moldes atuais, realmente precise de uma radical transformação. Percebo que são pouquíssimos os alunos interessados em aprender. O senso comum nos mostra professores de escolas públicas que dizem que seus alunos os respeitam e acreditam que é através da educação que podem vencer na vida. Vêem no professor uma ferramenta para ascender socialmente. Infelizmente não é a regra para boa parte dos estudantes brasileiros. A maioria dos jovens que estudam em colégios particulares, entretanto, vê no professor a figura que está lhe atrapalhando na conclusão de seus estudos básicos. O único professor adorado por todos os alunos é o dos cursinhos pré-vestibulares, porque é o cara que não faz chamada, não dá nota, estimula e garante que vai colocá-lo na universidade.

Mas o que o filme revela de mais assustador e que, se algum adulto sabia, não contou pra ninguém, é o fato de que os adolescentes precisam ser muito mais ouvidos porque suas angústias são maiores do que podemos imaginar. Uma das meninas diz: “Tenho medo de coisas totalmente complexas e grandiosas, como o medo da morte, o que acontece depois da vida, quem sou eu, o que vai acontecer comigo. São coisas que você começa a pensar e que não têm resposta”. É uma aflição de uma menina de classe média-alta (ou alta), que estuda num dos colégios mais caros do país, mas é uma aflição que se espalha entre outros alunos Brasil afora, de todas as classes sociais…

Como propôs Gilberto Dimenstein em recente artigo no caderno Cotidiano da Folha de São Paulo, “nada é pior que não reverenciar talentos”. As angústias desses adolescentes se transformam em talento, como bem demonstra Pro dia nascer feliz. Pais, alunos, professores e políticos deveriam ser obrigados a assistir Pro dia nascer feliz. Talvez assim o Brasil realmente tenha um futuro promissor.
POR: ADÃO MAXIMO TRINDADE