sábado, 5 de novembro de 2011

Limites e Respeito na Arte de Educar -A moda impensada da quebra de paradigma



Imagem de mão com dedotes de mãe, pai, filho e animal de estimação

Dia a dia com nossos alunos, passamos a eles muito mais do que os conteúdos de nossas disciplinas, passamos a eles muito do que acreditamos ser moralmente correto, digno e sensato de se fazer.

Contudo, a arte de educar necessita de cautela, pois se corre o risco de agir contra o que a família do aluno está o ensinando, principalmente se nós não concordarmos e, muito mais, se estiver “fora de moda”.

Fala-se muito em mudar e quebrar paradigmas, mas, antes de sair por aí quebrando barreiras à mudança insensata e sem considerar todos os envolvidos e suas devidas consequências, certifique-se de que você está sendo realmente justo em sua balança.

Há, certamente, muito a ser moldado no que tange à educação, mas há muita coisa boa e conceitos familiares advindos dos bons costumes da antiguidade, que não necessitam de nenhum retoque, defendidos, muitas vezes, por organizações religiosas.

Fala-se em igualdade de direitos, mas muitos direitos são ultrajados quando se respeita outro direito de ser, simplesmente, diferente daquilo que está na “moda”.

Alunos de algumas famílias mais religiosas, por exemplo, se a escola não estiver sensível de fato aos direitos de todos independente de serem ou não maioria, podem se sentir desrespeitados em algumas comemorações de datas específicas da cultura brasileira quando acontecem em solo e horário escolar.

Se determinada festa cultural traz em seus formatos algo que não se formata a todos os alunos, é certo que boa parte deles ficará excluída, mesmo em tempos que se fala tanto em igualdade de direitos e deveres.

Ora, é o caso de, então, deixar de ensinar a cultura brasileira ou demais culturas? Acredito que não, mas toda escola comprometida com o bem-estar de todos os seus alunos pode planejar meios de não causar mal-estar a ninguém, respeitando, consequentemente, os valores ensinados pela instituição familiar (por mais diferentes que sejam), dado que a formação do aluno passa pela família, sociedade (participações em igrejas, envolvimento com grupos de amigos...) e escola.

Ora, se apenas alguns “diferentes” são respeitados, logo, há vários outros que são ignorados em sua formação religiosa/moral advinda de suas casas, de suas famílias, não sendo verdadeiro defender algo que não é, em sua essência, para todos.

Respeitar o diferente nada tem a ver com mudar os conceitos de certo e de errado que cada um tem. Contudo, não é isso que se tem visto em muitas escolas hoje em dia, pois, envolvidas com a moda da quebra de paradigmas, impõem, mesmo sem querer, alguns modos de pensar e viver, os quais, por sua vez, advêm de novelas da televisão brasileira.  

As novelas, assim como tantos outros conteúdos televisivos, são pensadas para dar audiência e, para isso, abordam assuntos delicados que nem sempre dão conta de dimensionar o impacto.

Desavisadas, algumas pessoas podem passar para a vida real sentimentos que foram aflorados diante da tela da TV. Sabendo disso, a escola consegue despertar o senso crítico de seus alunos, fazendo-os entender que determinados sentimentos só foram estimulados em determinado contexto de determinada história, a qual foi criada por determinado autor, não precisando ser a opinião regente de ninguém.

Ora, como então exercer o papel de educador em escolas tão repletas de diversidades? A base, certamente, está no respeito não fingido, ensinando a diversidade tal como ela é, ensinando um diferente a respeitar o outro diferente, sem que, com isso, faça pouco dos ensinamentos de seu meio familiar, social e religioso, pois, como já é sabido por todos nós, a formação moral de um aluno passa por todas essas esferas.

Como educadores, podemos apresentar fatos, mas não induzir nossos alunos a pensar do modo que simplesmente está na moda, pois a moda é passageira, mas as suas consequências podem perdurar nas futuras gerações.

Educar não é impor as formas de pensar que estão na moda, mas é mostrar a história da sociedade, os bons caminhos que ela já percorreu e (por que não?) relembrar os bons costumes das famílias de antigamente. Quando se mostra apenas alguns aspectos aos alunos, não se permite a eles criarem e recriarem seu próprio modo de pensar, ação que os tornaria autores conscientes de sua história.

Desta forma, até mesmo as minorias com pensamentos que se diferem de alguns modelos mentais da atualidade têm direito de serem respeitadas em seu espaço e nos conceitos que lhes são ensinados em outras esferas da sociedade, tais como instituição familiar e seus valores, igrejas, grupos de amizades, entre tantas outra.

Erika de Souza Bueno Coordenadora-Pedagógica do Planeta Educação. Professora e consultora de Língua Portuguesa e Espanhol pela Universidade Metodista de São Paulo. Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família. Editora do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br)