terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Desafio em Construir um PNE Democrático e Emancipador.

Nos próximos dias, o Ministério da Educação disponibilizará para consulta pública a minuta de Projeto de Lei versando sobre o Plano Nacional de Educação, que terá vigência nos próximos 10 anos. Assim como aconteceu na 1ª Conferência Nacional de Educação (CONAE), responsável pelas diretrizes do novo PNE, a sociedade será convidada a opinar sobre o Projeto, e as propostas que alcançarem consenso ou maioria deverão ser absorvidas pelo Plano. Dada a importância desse momento, sobretudo de seu caráter democrático, a CNTE convoca sua base para participar ativamente da consulta ao PNE, tal como aconteceu na CONAE e em suas conferências preparatórias.

A base para a intervenção sobre o PNE deverá ser as deliberações da CONAE. Nesta, a CNTE conseguiu estabelecer um amplo arco de alianças que contribuiu para a aprovação das propostas da Confederação e de suas afiliadas trazidas das conferências municipais e estaduais.

Fato a destacar é que o MEC comprometeu-se em elaborar a proposta de PNE contemplando os temas da CONAE. Por isso, devemos estar atentos para verificar essa abordagem no documento a ser apresentado pelo Ministério. Isso, todavia, não impede de propormos novas formulações, assim como de manifestarmos posição sobre temas que, eventualmente, não foram debatidos na CONAE, dentre eles, a obrigatoriedade de formação em nível superior para os novos profissionais que lecionarão nos ensinos fundamental e médio (ponto destacado no PLC 280 já aprovado no Senado) e a implementação do Concurso Nacional para ingresso na carreira do magistério.

Ainda do ponto de vista da valorização dos trabalhadores em educação, precisamos estar atentos às metas (i) de profissionalização dos funcionários de escola, também para contrapor os efeitos nefastos da terceirização dos serviços escolares; (ii) de oferta de formação inicial e continuada nas instituições públicas para todos os trabalhadores (professores e funcionários); (iii) de aumento do piso salarial profissional nacional para além da correção prevista na Lei, a fim de acelerar a valorização do trabalho social dos educadores do nível básico; (iv) de regulamentação do PSPN para todos os profissionais da educação (art. 206, VIII, CF); (v) de condições de trabalho e infraestrutura das escolas com vistas a melhorar a qualidade da educação.

Com relação ao financiamento da educação, a proposta da CNTE consiste em atingir um pico de 10% do Produto Interno Bruto para, em seguida, se estabilizar em 7%. O nível de investimento público é fundamental para assegurar a definitiva erradicação do analfabetismo, bem como para atender adequadamente ao novo preceito constitucional relativo à obrigatoriedade do ensino (da pré-escola ao médio) e de expansão da oferta de nível superior e pós-graduação.

Outras duas questões sensíveis à qualidade da educação e que terão de ser devidamente abordadas no novo PNE referem-se à gestão democrática e aos regimes de colaboração e cooperação entre os entes federados. A constituição do Fórum Nacional de Educação, o aprimoramento e a democratização das relações escolares e institucionais – a exemplo da formulação de políticas públicas através do Plano de Ações Articuladas –, a implementação das diretrizes nacionais de carreira (professores e funcionários) e o respeito às leis federais (PSPN), além de serem pautas decisivas de nosso movimento, evidenciam a necessidade de elaboração de Lei de Responsabilidade Educacional, em consonância ao PNE, a fim de respaldar os desígnios deste.

Fonte:

Consumo consciente


Aterros sanitários serão visivelmente reduzidos se adotarmos práticas de consumo consciente

Apesar de muitas vezes relacionarmos os termos consumo e aquisição de produtos como sendo sinônimos, o primeiro é, na verdade, um conceito mais abrangente. Consumir envolve outras etapas: o que consumir, porque consumir, como consumir e de quem consumir. Contempla, ainda, o consumo propriamente dito e, dependendo do que foi consumido, o uso e o descarte.

Para facilitar o entendimento, vamos dar um exemplo: o tomate. Antes mesmo de surgir a necessidade/vontade de se alimentar deste vegetal, é necessário que um determinado espaço de terra, seja preparado e depois semeado. A futura planta deverá, também, receber água e possíveis outros elementos para que cresça e dê tomates.

Já maduros, estes frutos serão colhidos e preparados para a venda. Recipientes para armazenamento e algum meio de transporte, para facilitar seu deslocamento para um mercado próximo, ou até mesmo outras cidades, estados, ou países; serão também necessários.

Ao comprar, provavelmente estarão embalados, mas você poderá sentir a necessidade de usar alguma sacola, para facilitar o transporte. Ao chegar em casa, precisará lavá-los, utilizando água e detergente, e provavelmente não precisará mais de suas embalagens. Caso retire as semente, as jogará no lixo e, caso algum estrague, o destino será semelhante.

Os tomates saídos da zona rural que se encontram mais amassados podem, também, ser encaminhados a indústrias, para se tornarem extrato de tomate – e neste processo, muitas outras etapas e processos inerentes ao consumo ocorrerão, incluindo aí a possibilidade da empresa depositar seus resíduos na água e ar, sem serem previamente tratados.

Em todos os processos, ou na maioria, há uso de matérias-primas, liberação de energia e utilização do trabalho humano e, em alguns casos, animais. Assim, o consumo envolve processos complexos e que podem tanto beneficiar quanto prejudicar pessoas e suas comunidades quanto o meio ambiente. Por tal motivo, um consumidor consciente, além de contribuir para a economia, contribui para que tenhamos uma sociedade mais justa e ambientalmente saudável, analisando os impactos do seu consumo, procurando fazer escolhas para minimizarem estes malefícios.

Assim, analisar a cadeia produtiva dos bens que deseja consumir; verificar se neste processo há situações em que prejudique sua saúde, de outras pessoas ou do meio ambiente são algumas formas de maximizar os impactos positivos do consumo até que este bem tenha condições de chegar até você. Depois disso, também pode fazer outras boas escolhas, como:

- Analisar a real necessidade de se consumir algo;

- Reduzir. Embalagens, por exemplo, de mussarela, podem ser reduzidas quando se opta por levar uma só, com a quantidade necessário de queijo que será utilizada na semana inteira, ao invés de todos os dias levar uma bandeja para casa. Ainda sobre embalagens, se você sempre utiliza achocolatado, talvez seria mais ambientalmente interessante – e proporcionalmente mais barato para seu bolso – levar uma embalagem de 500g do que uma de 300g. E lembre-se: procure levar sua própria sacola ou recipiente de compras ou, caso não tenha outra alternativa a não ser levar as sacolas de plástico, considere a sua capacidade real, armazenando o máximo possível de produtos em cada uma.

- Evitar o desperdício (fechar a torneira, colocar no prato somente aquilo que irá comer, procurar se satisfazer com menos produtos, etc).

- Recusar. Se metade das pessoas recusassem panfletos desnecessários, cerca da metade deles deixaria de ser fabricada; e reduziríamos este tipo de lixo pela metade.

- Reaproveitar ao máximo os alimentos e materiais. O SESC possui um guia de receitas fornecendo alternativas que diminuem o desperdício de alimentos, aproveitando cascas, talos e folhas. Quanto aos materiais, que tal utilizar aquela latinha de extrato de tomate para plantar mudas de plantasornamentais de pequeno porte?

- Após seguir ao máximo estas etapas anteriores, com certeza seu lixo doméstico será bem menor. Separe-o em recicláveis, lixo orgânico e lixo não reciclável. Os primeiros podem ser encaminhados para a coleta seletiva da sua cidade (caso tenha), catadores, cooperativas ou hospitais e instituições que reciclam. O segundo pode ser encaminhado para sistemas de compostagem, e somente o terceiro para aterros ou outras formas de encaminhamento de resíduos. Pilhas, baterias e lâmpadas podem ser devolvidos ao local em que os adquiriu, sendo estas empresas responsáveis pelo devido encaminhamento.

Ser um consumidor consciente é um grande e valoroso desafio. Não se trata aqui, necessariamente, de sacrifícios, mas de ter consciência do que se pode mudar, mesmo que se já gradativamente, em hábitos que são onerosos para a sua vida, de outras pessoas e do planeta, de forma geral.

Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia
Equipe Brasil Escol