2/02/2011 - 07h00
Simone Harnik
A cada 100 escolas, 25 são organizadas por ciclos, segundo dados do Censo Escolar 2009, tabulados pelo movimento Todos Pela Educação. Pelo país, há uma concentração do ensino por ciclos no Sudeste, principalmente por causa de São Paulo, em que 99% das instituições de ensino adotam esse sistema.
“Hoje, o modelo dominante é o da seriação. Mesmo em escolas que dizem ter ciclos, às vezes, predomina o modo de agir das séries”, aponta o professor da FE-USP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) Ocimar Munhoz Alavarse.
Segundo o professor, o modelo de ensino por ciclos, sem a reprovação dos alunos que não obtêm o desempenho esperado, implica um esforço da comunidade escolar em repensar o que vai ser ensinado (o currículo), em organizar o tempo para esse ensino e em acompanhar o percurso dos estudantes de perto, para evitar que dificuldades com o conteúdo se estendam ao longo do percurso acadêmico.
“Vemos que nas escolas, em que muito se fala do processo de inclusão, pode haver uma certa exclusão daqueles que têm dificuldade”, aponta a professora Inês de Almeida, da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília). “Nós temos que perguntar onde está a origem dessa dificuldade, para dar um tratamento que vai incluir esse estudante no grupo”, orienta.
* O “Todos Pela Educação” é um movimento financiado exclusivamente pela iniciativa privada e congrega sociedade civil organizada, educadores e gestores públicos. O objetivo é contribuir para que o Brasil garanta a todas as crianças e jovens o direito à educação básica de qualidade.