“Pois bem, temos aqui outra tarefa para o educador...: ensinar a trair racionalmente, em nome da nossa única e verdadeira pertença essencial, a humana, o que haja de excludente, fechado e maníaco em nossas afiliações acidentais, por mais confortáveis que estas sejam para os espíritos acomodados, que não querem mudar de rotinas ou arranjar conflitos” (SAVATER, O valor de educar, p. 192).
Sabemos a velha história da roupa invisível do rei, o qual, ao vesti-la, pôs-se a caminhar entre os súditos em pêlo. Esse fato levou uma criança a acionar o amor à verdade a apontar o dedo: “O rei está nu”.
Nosso tempo é outro, mas ainda reis e rainhas circulando entre nós. Entre eles estão o rei-professor e a rainha-professora, os quais pensam ter o suposto direito de vida e morte sobre quem senta na cadeira de aprendente.
Lembro-me de uma professora-rainha diante de um aluno com dificuldade de aprender, isso na faculdade. Essa mestra empregou seu poder verbal para dizer àquele aluno que ele “faria melhor se fosse vender banana no mercado, porque ele não servia para o estudo da matéria ministrada por ela”. O aluno ficou arrasado e cometeu o desatino de escolher que a escolha da rainha prevalecesse sobre ele, pois foi à secretaria da instituição e faz o trancamento da matrícula.
Presenciei ainda a ação destrutiva de um professor-rei: não conseguindo se fazer entender por uma turma inteira da educação básica, o docente desqualificou a todos ao chamá-los de “burros despreparados” e “néscios sem futuro”, os quais “seriam melhor aproveitados como trabalhadores braçais” (não sei o que pode haver de indigno na profissão dos feirantes, muito menos na daqueles que enchem nossas mesas de alimentos...). O fato é que também por conta da fala desse mestre-rei, muitos abandonaram a escola e se entregaram ao cuidado da própria vida em paragens onde vislumbraram ser melhor compreendidos e equilibradamente humanizados.
As histórias reais de pedagogicídio lembradas anteriormente não são da época daquele rei denunciado pela criança; estão vivinhos da silva entre nós. Precisamos identificá-los bem, tanto para nossa própria defesa, quanto para a prevenção do discentecídio verificado a amiúde em nosso sistema formal de ensino, nos níveis da educação básica e de terceiro grau.
Ademais, a lembrança dessas ocorrências antipedagógicas podem nos levar a outras reflexões. Por exemplo: o que justifica a existência da escola, do professor e dos processos de ensino-aprendizagem? De minha parte, creio que a admissão do “não saber”, da “ignorância sadia”, que são expressões do “do desejável sei que não sei”, constituem a justificativa para a existência da instituição de ensino, do profissional da educação e dos atos de aprender e ensinar. Se todos nascessem sábios iluminados, faria sentido a existência do aparato educativo mantidos pela sociedade em no âmbito da educação formal?
Então, se é a “sábia ignorância” a razão de ser do professor, esse que é humanamente igual ao estudante, mas epistemologicamente diferente por deter mais experiências com a transmissão, a produção e a aplicação de conhecimentos, não há porque continuarmos a aturar os professores-reis e as professoras-rainhas.
Precisamos dizer a esses equivocados mestres que a roupagem do totalitarismo pedagógico que vestem e que a capa da tirania epistêmica que ostentam, em verdade, não lhes protege a vergonha de não dominarem o “como fazer” (prática) de sua profissão e que isso lhes compromete o “que” (a teoria) e coloca a baixo o “para que” (ética) de sua ocupação. E se esses pseudos formadores não têm consciência disso, alguém precisa lhes dizer: rei e rainha, vossas excelências estão nus.
E, vendo o dedo apontando-lhes o malogro, tomara que tratem de se vestir. Nossos filhos e filhas que querem aprender e a nação que precisa de homens e mulheres consistentemente formados para a vida concreta, profissional e cidadã, agradecem.
Sabemos a velha história da roupa invisível do rei, o qual, ao vesti-la, pôs-se a caminhar entre os súditos em pêlo. Esse fato levou uma criança a acionar o amor à verdade a apontar o dedo: “O rei está nu”.
Nosso tempo é outro, mas ainda reis e rainhas circulando entre nós. Entre eles estão o rei-professor e a rainha-professora, os quais pensam ter o suposto direito de vida e morte sobre quem senta na cadeira de aprendente.
Lembro-me de uma professora-rainha diante de um aluno com dificuldade de aprender, isso na faculdade. Essa mestra empregou seu poder verbal para dizer àquele aluno que ele “faria melhor se fosse vender banana no mercado, porque ele não servia para o estudo da matéria ministrada por ela”. O aluno ficou arrasado e cometeu o desatino de escolher que a escolha da rainha prevalecesse sobre ele, pois foi à secretaria da instituição e faz o trancamento da matrícula.
Presenciei ainda a ação destrutiva de um professor-rei: não conseguindo se fazer entender por uma turma inteira da educação básica, o docente desqualificou a todos ao chamá-los de “burros despreparados” e “néscios sem futuro”, os quais “seriam melhor aproveitados como trabalhadores braçais” (não sei o que pode haver de indigno na profissão dos feirantes, muito menos na daqueles que enchem nossas mesas de alimentos...). O fato é que também por conta da fala desse mestre-rei, muitos abandonaram a escola e se entregaram ao cuidado da própria vida em paragens onde vislumbraram ser melhor compreendidos e equilibradamente humanizados.
As histórias reais de pedagogicídio lembradas anteriormente não são da época daquele rei denunciado pela criança; estão vivinhos da silva entre nós. Precisamos identificá-los bem, tanto para nossa própria defesa, quanto para a prevenção do discentecídio verificado a amiúde em nosso sistema formal de ensino, nos níveis da educação básica e de terceiro grau.
Ademais, a lembrança dessas ocorrências antipedagógicas podem nos levar a outras reflexões. Por exemplo: o que justifica a existência da escola, do professor e dos processos de ensino-aprendizagem? De minha parte, creio que a admissão do “não saber”, da “ignorância sadia”, que são expressões do “do desejável sei que não sei”, constituem a justificativa para a existência da instituição de ensino, do profissional da educação e dos atos de aprender e ensinar. Se todos nascessem sábios iluminados, faria sentido a existência do aparato educativo mantidos pela sociedade em no âmbito da educação formal?
Então, se é a “sábia ignorância” a razão de ser do professor, esse que é humanamente igual ao estudante, mas epistemologicamente diferente por deter mais experiências com a transmissão, a produção e a aplicação de conhecimentos, não há porque continuarmos a aturar os professores-reis e as professoras-rainhas.
Precisamos dizer a esses equivocados mestres que a roupagem do totalitarismo pedagógico que vestem e que a capa da tirania epistêmica que ostentam, em verdade, não lhes protege a vergonha de não dominarem o “como fazer” (prática) de sua profissão e que isso lhes compromete o “que” (a teoria) e coloca a baixo o “para que” (ética) de sua ocupação. E se esses pseudos formadores não têm consciência disso, alguém precisa lhes dizer: rei e rainha, vossas excelências estão nus.
E, vendo o dedo apontando-lhes o malogro, tomara que tratem de se vestir. Nossos filhos e filhas que querem aprender e a nação que precisa de homens e mulheres consistentemente formados para a vida concreta, profissional e cidadã, agradecem.
Por: Adão Maximo Trindade - Graduando em Pedagogia - UFOP-MG
* Artigo publicado no Jornal Estado do Tocantins.
* Artigo publicado no Jornal Estado do Tocantins.