A escola historicamente estabelecida no Brasil tinha uma estrutura hierárquica verticalizada e rígida, onde o diretor usava “mão de ferro” para manter a organização instituída.Sua opinião era uma ordem e sua presença representava a emanação da autoridade do Estado. A ele cabiam todas as decisões e, por conseguinte, o destino dos colaboradores. Pautada em um currículo linear e fechado, a escola não precisava comunicar-se com seu entorno e, em uma relação assimétrica de poder, o diretor decidia os rumos cotidianos dos afazeres dos docentes, funcionários e alunos.
Uma escola tecnicista solicitava um administrador cuja competência era estabelecer metas e alcançá-las. Para isso, encaminhava os processos e fazia com que caminhassem em uma direção preestabelecida. Metaforicamente, era o profissional responsável pelo bom desempenho dos funcionários. Isso porque se cada engrenagem cumprisse seu papel, a missão da máquina administrativa estaria realizada e o administrador apresentaria resultados favoráveis a quem lhe confiara tal tarefa.
Porém, preocupado demais com tarefas burocráticas como planilhas, cadernetas, médias, livro de ponto e múltiplos ofícios, o administrador geralmente negligenciava o trabalho pedagógico e o acompanhamento dos recursos humanos, relevando para segundo plano a tarefa de liderar uma equipe de trabalho.
Os gestores, ao contrário, são capazes de compreender o complexo cenário escolar, participar dele, enxergar e projetar ações e resultados futuros. Enquanto o planejamento administrativo se faz por meio de elaboração de estratégias, os projetos dos gestores compreendem duas dimensões – uma estratégica e outra tática –, com o objetivo de favorecer o envolvimento de todos os sujeitos da escola.
Sem abrir mão de administrar, um gestor envolve-se, sobremaneira, com seus colaboradores, conseguindo, assim, resultados coletivos. Ele nunca decide sozinho, mas apresenta seu ponto de vista e aceita outras sugestões. Entretanto, suas deliberações não são apenas resultado de parecer ou consenso grupal, já que um gestor tem autonomia para agir rapidamente em determinadas circunstâncias e não tem medo de correr riscos, porque tem capacidade para justificar suas decisões.
Caracterizando-se como líder, ele tem a capacidade de construir relações. É assertivo, persuasivo, empático, democrático e flexível, estando sempre aberto a novas ideias. Não teme a perda da autoridade, pois tem convicção de que o respeito não se dá pela imposição, mas pelo reconhecimento de seus colaboradores, que seguem suas orientações não por obediência, mas porque acreditam em suas propostas e confiam em sua visão.
Neste sentido, não necessitamos mais de um diretor autoritário nem de um administrador, precisamos de gestores imbuídos de realizar o sonho possível: a construção de uma escola “instituinte”, mais próxima da vida e do tempo presente, que incorpore como autores os sujeitos que a fazem acontecer.
Por: Francisca Romana Giacometti Paris é Diretora pedagógica do Agora Sistema de Ensino, pedagoga e mestre em educação e ex-secretária de Educação de Ribeirão Preto (SP).
Fonte:www.planetaeducacao.com.br