Pressionado, governo afirma que vai mudar projeto do piso
Protestos na saúde ontem afetaram os hospitais de referência na capital
Protestos na saúde ontem afetaram os hospitais de referência na capital
O governo do Estado anunciou ontem que estuda a possibilidade de enviar à Assembleia Legislativa uma emenda ao projeto de lei 2.355 que cria a política de remuneração dos servidores da educação em Minas de modo que o tempo de serviço e a qualificação profissional dos funcionários públicos sejam contemplados no novo plano de carreira.
Em entrevista coletiva à imprensa no fim da tarde de ontem, a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, não deu detalhes do que o Estado pretende oferecer à categoria, mas informou que técnicos da secretaria irão trabalhar no feriado de 15 de novembro para cumprir o prazo que vence no dia 16. A proposta do Estado para cumprimento do piso salarial nacional voltou à pauta da Assembleia em regime de urgência no último dia 8 e só pode receber emendas até a próxima quarta-feira. A categoria reclama que a proposta voltou à pauta sem as alterações definidas no acordo que pôs fim à greve de 112 dias, em setembro passado.
O anúncio da emenda foi feito após um dia marcado por paralisações e manifestações de professores, funcionários do setor de saúde e policiais civis e eletricitários.
Renata Vilhena afirmou que o Estado está fazendo cálculos para verificar a possibilidade de criar um plano com valores progressivos de remuneração, além de uma tabela de promoções que encurte o tempo de ascensão na carreira. "O sindicato está deturpando os fatos. Tudo o que foi acordado está sendo cumprido".
Nos protestos de ontem, que mobilizaram principalmente o setor da saúde, três importantes hospitais de Belo Horizonte tiveram suas atividades reduzidas com a paralisação dos servidores.
Pacientes chegaram a esperar até duas horas para serem atendidos. Os serviços funcionaram no limite de 30% da capacidade no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), referência em emergência, no João Paulo II, especializado em pediatria, além da maternidade Odete Valadares. "Nós cumprimos o acordo, estamos batendo as metas e o governo não está fazendo a parte dele que é nos pagar o que foi prometido" disse uma servidora.
Na Polícia Civil, os servidores também reclamam que não receberam em outubro os 5% dos 10% de reajuste salarial prometido em setembro. Uma outra parcela de 5% está prevista para abril do ano que vem. Os funcionários públicos reivindicam também o pagamento dos prêmios por produtividade.
A secretária de Planejamento afirmou que o reajuste de 10% depende de aprovação da proposta na Assembleia e está caminhando dentro do previsto.
Segundo Renata Vilhena, assim que o projeto for aprovado o aumento será concedido de forma retroativa. Sobre o prêmio de produtividade, o governador Antonio Anastasia disse ontem que não há data definida para concessão do benefício.
Comissão
Reunião. Um novo encontro da comissão de negociação dos professores está programada para a próxima quarta-feira. Ontem, representantes do governo e deputados estaduais se reuniram para acertar detalhes da proposta de pagamento do piso.
Agilidade. O deputado Rogério Correia (PT) disse que reivindicou na reunião mais agilidade do governo na apresentação das propostas. "A proposta está travando a pauta da Assembleia. O governo precisa ser mais ágil", justificou o parlamentar.
RESPOSTA
Secretária classifica declarações como "mentirosas" e irresponsáveis
A troca de farpas entre o governo de Minas e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) teve mais um capítulo ontem. A secretária de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena, convocou a imprensa e classificou como "mentirosas" e "irresponsáveis" as declarações feitas pelo sindicato. "Eles estão mentindo, causando pânico na categoria e na comunidade escolar", afirmou a secretária.
A coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, disse que não rebateria as acusações feitas pela secretária de Planejamento e Gestão. "Não vou entrar nesse mérito, (sic) me rebaixar. A única coisa que eu quero é que o governo cumpra com o acordo que foi assinado", disse.
Ao afirmar que o Estado tem cumprido com as exigências da categoria, Renata Vilhena se mostrou indignada com uma suposta articulação do sindicato para que os professores não cumpram a reposição das aulas.
A secretária disse que tem recebido denúncias de que o Sind-UTE estaria tentando também boicotar o Sistema Mineiro de Avaliação da Educação, utilizado para aprimorar as condições pedagógicas da rede estadual, além de convocar, por meio de redes sociais na internet, uma "operação tartaruga" para o feriado do próximo dia 15, data que faz parte do calendário de reposição. "Isso é um movimento político. O sindicato está preocupado somente com ele e não com a educação", afirmou Renata.
Beatriz Cerqueira disse que as declarações da secretária e do governo comprovam a "perseguição" e a "desvalorização" que a categoria vem sofrendo. Ela considera que toda a morosidade para fechar a proposta é uma estratégia para tentar enfraquecer o sindicato. "O governo tem pagado os dias parados por outras categorias. Mas, com a educação, a história é bem diferente", justificou Beatriz. (CG)
UNIFICADO
Protesto para trânsito na praça Sete
Protesto para trânsito na praça Sete
Os protestos dos servidores geraram transtornos no trânsito em vários pontos da capital ontem à tarde. Pelo menos 500 servidores das áreas de educação, saúde e policiais civis saíram em passeata da Assembleia Legisltiva em direção à praça Sete.
Segundo a BHTrans), as avenidas Afonso Pena, Amazonas, do Contorno, Santos Dumont e Paraná foram as mais afetadas e apresentaram trânsito muito lento no fim da tarde. No Complexo da Lagoinha, o tráfego ficou praticamente parado, em ambos os sentidos. Pela manhã, profissionais da saúde manifestaram na área hospitalar. (CG/NO)
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