segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Reportagem: O que as escolas precisam aprender

(Ana Aranha, Revista Época, 23/04/2007, p. 90-96)

A matéria é iniciada com uma parábola bastante conhecida: um cidadão que tivesse dormido por um século e acordasse agora se surpreenderia com tudo, exceto com a escola já que esta seria igual a que ele freqüentou. O que mais impressiona nesta parábola é o fato de não haver exageros.

Aprendemos hoje o mesmo que nossos bisavôs aprendiam, e da mesma forma que eles aprendiam. No entanto, o mundo que nos espera hoje fora dos portões da escola não é o mesmo de antigamente. Como diz a autora da matéria: “há uma década, a força de trabalho era chamada mão-de-obra (...) [hoje] Não é mais a mão e sim a cabeça dos funcionários que interessa”.

Atualmente para ser um bom funcionário não basta ouvir, entender e cumprir. Entrou no processo uma nova etapa: a reflexão. É preciso colaborar com idéias, ter iniciativa. Também não é mais esperado que um funcionário permaneça na mesma função por anos a fio, mesmo porque o mundo de hoje não é estático, e a função que ele desempenha agora pode nem existir amanhã. Assim, o profissional tem que se reciclar constantemente, aprender sempre, rápido e de preferência sozinho. Num mundo repleto de informações, não basta aprender a ler e entender, é necessário refletir, filtrar, criticar, encontrar o que interessa e saber o que fazer com esta informação.

O sociólogo Miguel Arroyo, coordenador do grupo de trabalho montado pelo Ministério da Educação que busca uma revisão nacional da estrutura curricular, diz que é necessário acabar com a divisão por disciplinas na formação do professor e criar cursos em grandes áreas de conhecimento. É uma proposta interessante, principalmente no que diz respeito à interdisciplinaridade, que embora todos concordem ser fundamental para que o aluno relacione as matérias e entenda como o conteúdo de uma disciplina interage com o de outra, não é o que acontece na maioria das escolas. O que vemos nas aulas são disciplinas que parecem existir cada uma para o seu próprio mundo. Isso torna impossível ao aluno trazer o que ele aprendeu na aula para fora da escola, porque são mundos diferentes.

A escola no Brasil tem que sofrer uma revolução. E segundo a reportagem, o exemplo de revolução no ensino mais aplicável ao nosso país é o da Espanha. Lá eles acabaram com o ensino por séries, foi criado um sistema de disciplinas optativas e aulas profissionalizantes, várias disciplinas foram unidas em grandes áreas de conhecimento, aumentaram as horas de aulas para levar a classe a museus, viagens e debates. São grandes as mudanças e o Brasil precisa investir muito em reformas educacionais. Sai caro investir em educação, e sai ainda mais caro não investir.

As novas competências exigidas pelo mercado, e que a escola atual não consegue desenvolver em seus alunos são: 1. pensamento crítico, 2. conexão de idéias (interdisciplinariedade), 3. saber aprender sozinho (autonomia), 4. conviver com pessoas diferentes (acabar com o preconceito), 5. estabelecer metas e fazer escolhas, 6. ter visão globalizada.


Editado por: Adão Maximo Trindade - Graduando em Pedagogia

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