Aulas voltam nesta semana
Paralisação. Secretária de Planejamento disse que retomada das atividades independe da categoria
Assembleia da categoria, hoje à tarde, define se greve continua
Tereza Rodrigues
Especial para O Tempo
Mesmo que os professores decidam hoje continuar com a greve na rede estadual, as aulas serão retomadas ainda nesta semana. A garantia foi dada pela secretária de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena. Segundo ela, mesmo que a categoria não aceite as propostas do Estado - que não incluem reajuste de salários - os alunos deverão retomar os estudos com a contratação de professores substitutos.
Uma decisão judicial garantiu ao Estado o direito de convocar profissionais para assumir, temporariamente, as vagas dos grevistas. O governo não fala em demissões de professores.
Para pais, alunos e professores, hoje é um dia decisivo. A partir das 14h, na praça Carlos Chagas (da Assembleia), sai a decisão se a greve continua ou não. A paralisação completa hoje 47 dias. Em 2002, na greve mais longa da década, os professores ficaram de braços cruzados por 50 dias.
Uma reunião, ontem à noite, entre representantes do governo e membros do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) definiu os detalhes da negociação entre a categoria e a secretaria de Planejamento e Gestão. Segundo a assessoria de imprensa do governo, do encontro saiu um termo de acordo que poderá colocar por fim à paralisação. "Minha expectativa é que os professores votem pelo fim da greve, já que atendemos a todas as reivindicações desse último acordo", disse a secretária Renata Vilhena. O documento garante que se a greve for interrompida, não haverá cortes de salário nem demissões, no entanto, não propõe aumento salarial, principal reivindicação dos professores.
Em relação às propostas feitas na semana passada, o que mudou foi somente o prazo para a entrega dos trabalhos da comissão que deverá ser criada para estudar o plano de carreira da categoria. O governo propôs 60 dias de prazo, mas recuou e aceitou os 20 dias pedidos pelo sindicato.
A coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, não adiantou qual pode ser a decisão da assembleia, hoje. "Se a negociação for considerada satisfatória, a categoria pode votar pelo fim do movimento. Mas se não for, não posso fazer nada. Não somos nós que decidimos".
Para o professor de matemática Tiago Dias, 27, o comunicado veiculado pelo governo, nos últimos dias, deixou os professores revoltados. "O governo subestimou nossa inteligência, querendo nos colocar contra o sindicato. Disse que nós não tomamos conhecimento das propostas do governo, mas tomamos sim, e votamos."
Consequências. Se o governo colocar em prática a contratação de professores substitutos, os alunos vão ser ainda mais prejudicados. Essa é a opinião da coordenadora da pós-graduação em Educação na PUC-Minas, Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira. "Haveria uma dificuldade grande de adaptação com professores temporários". Segundo ela, a melhor saída é aguardar que os grevistas retomem as atividades.
Um grupo de alunos da Escola Estadual Helena Guerra, no Eldorado, em Contagem, na região metropolitana da capital, fez ontem uma manifestação contra a greve dos professores. A escola, na qual estudam cerca de 2.800 alunos dos ensinos fundamental e médio, está parada desde o início da greve.
A estudante Mariana Vieira, 15, teme perder o ano. Segundo a jovem, que cursa o 2º ano do ensino médio, mesmo com a volta às aulas, será difícil retomar o ritmo de estudos. “Depois, quando formos concorrer a uma vaga no vestibular, entramos em desvantagem”.
A estudante Thuane Bárbara, 15, também do 2º ano, disse que antes apoiava os professores. “Eles têm direito de buscar melhorias, mas não podem atrapalhar nosso estudo”.(Raphael Ramos)
Levantamento da reportagem de O TEMPO apurou que alguns Estados do país já pagam a seus professores o piso salarial reivindicado pela categoria
No Acre, os professores recebem R$ 1.675,79 mais as gratificações, para uma jornada semanal de 20 horas em salas de aula e 10 horas de planejamento. No Espírito Santo, a jornada é de 25 horas e eles recebem o piso de R$ 1.654,65.
No Distrito Federal, a secretaria confirmou os números do site do sindicato dos professores. O piso para uma jornada de 40 horas semanais (30 em classe e 10 para planejamento) é de R$ 3.720,24. O diretor do Sinpro/DF disse que o salário atrai professores de diversas partes do país. “Muitos mineiros prestam concurso e querem dar aulas aqui”.
O governo de Minas reafirmou, por meio de comunicado, que o piso nacional reivindicado pelo Sind-UTE, para uma jornada semanal de 24 horas de trabalho “se encontra fora da realidade brasileira e que nenhum Estado da federação paga o valor”. A Secretaria de Comunicação do Estado não quis comentar os valores. (TR)
Publicado em: 25/05/2010
Editado por: Adão Maximo Trindade
Graduando em pedagogia
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