sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Professor ganha 40% menos que média do trabalhador brasileiro com mesma escolaridade

Karina Yamamoto
Editora de UOL Educação
Em São Paulo

O salário médio de um professor da educação básica é 40% menor que a remuneração, também média, de um trabalhador com o mesmo nível de escolaridade. O cálculo foi feito pela economista Fabiana de Felicio com base nos microdados da última edição da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Enquanto um assalariado, que tem escolaridade superior ao ensino médio, recebe mensalmente R$ 2.799 por 40 horas semanais de serviço, um docente com a mesma quantidade de anos de estudo tem remuneração de R$ 1.745 por mês. O salário médio mais baixo é do Estado de Pernambuco -- R$ 1.219 -- e o mais alto é do Distrito Federal -- R$ 3.472.

Fabiana faz questão de frisar: "esses são valores médios, o que significa que tem uma parcela da amostra que ganha menos que isso". Segundo ela, a ponderação é importante para não se tirar conclusões precipitadas. Outro ponto para o qual ela pede atenção é sobre a jornada padronizada para a comparação - nem todos os professores trabalham 40 horas por semana. Em geral, a carga horária é menor.

Meta do PNE

A valorização do professor -- considerada essencial para o avanço da qualidade da educação -- é um dos eixos centrais do PNE (Plano Nacional da Educação) que deve ser encaminhado ao Congresso amanhã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quatro das 20 metas trazidas pelo documento são destinadas a esse fim. O PNE traça os objetivos do país na área da educação para períodos de dez anos.

O aumento do salário do professor "é o mínimo" que deve ser feito para a valorização da carreira, na opinião de Fabiana de Felicio. "Se [isso] não [acontecer], [a profissão] vai continuar atraindo quem se contenta em ganhar um pouco mais que quem tem ensino médio", afirma a economista. O incremento na renda só é significativo quando o salário do docente é comparado com essa faixa de assalariados -- enquanto um trabalhador de nível médio ganha R$ 1.009, um professor com escolaridade equivalente recebe R$ 1.624.

Na média, pelo menos

Para a pesquisadora, o salário do professor tem que alcançar "pelo menos" a média da remuneração dos outros profissionais com superior incompleto ou completo. "O salário é o sinal para atrair novos [e melhores] professores", diz Fabiana.

O tempo de resposta desse investimento na carreira docente, no entanto, é "longo". "Se aumentar hoje, não vamos ter resposta no próximo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos)", explica a economista. Segundo ela, essa pode ser uma das justificativas para que esse tipo de medida -- que é consenso para melhoria da educação -- não tenha sido tomada ainda. Afinal, o "resultado" leva de dez a 15 anos para aparecer enquanto o mandato de um governante é de quatro anos.

Além da falta de retorno eleitoral, o investimento em educação é "caro" - ao elevar o salário dos professores, Estados e municípios têm que aumentar os gastos também com as aposentadorias desses profissionais.

Redução de jornada

Para a presidente da Apeoesp, sindicato dos professores da rede estadual de São Paulo filiado à CUT, Maria Izabel Noronha, a questão da carreira também começa com elevação do salário. Mas vai além disso. Na opinião dela, é preciso melhorar as condições de trabalho dos docentes.

"A questão central diz respeito à organização do espaço e do currículo escolares", diz Maria Izabel. "Uma jornada ideal teria 40 horas semanais, divididas em 20 horas na sala de aula, dez horas para preparo das aulas e as outras dez horas para trabalho pedagógico."

Ela admite, no entanto, que aumentar o salário e reduzir a jornada poderia ser uma política de difícil execução. "Se implantada em São Paulo, a Lei do Piso poderia ser um bom começo", afirma a dirigente sindical. Se fosse necessário escolher entre aumento de salário e redução de jornada, Maria Izabel diz que "não tem primeiro [a ser feito], tem que ser tudo junto".

Para ela, que também é conselheira do CNE (Conselho Nacional de Educação), o PNE traz "variáveis importantes para estruturar a qualidade", como a adoção do CAQi (Custo Aluno Qualidade Inicial), a valorização docente e a meta deinvestimento de 7% do PIB (Produto Interno Bruto) na educação.

Fonte: www.educacao.uol.com.br

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Plano Nacional de Educação é enviado ao Congresso


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15-Dec-2010

GoogleEm nota dirigida ao Ministro da Educação, CNTE pede urgência na divulgação do PNE

Em uma cerimônia simbólica realizada nesta quarta-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou ao Congresso Nacional a proposta do novo Plano Nacional de Educação. O documento traz as metas e diretrizes que devem ser seguidas pela educação no país durante o período de 2011 a 2020.

Segundo o secretário geral da CNTE, Denílson Bento da Costa, a comunidade educacional ainda não teve acesso ao conteúdo da proposta, mas há a expectativa positiva de que as deliberações feitas durante a Conferência Nacional de Educação, a CONAE, tenham norteado o documento. “Essa proposta foi muito discutida na Conferencia Nacional de Educação. Esperamos ter conhecimento desse conteúdo e que esse documento tenha muito das deliberações da CONAE. Na nossa avaliação, ela tem que ser a base de discussão do PNE. Tanto para as discussões desse projeto de lei como as discussões que acontecerão no Congresso Nacional”, disse.

Segundo Denílson a CONAE é uma importante representação do debate feito pela sociedade sobre os pontos de grande relevância para a educação no país. Com o envio da proposta ao Congresso, a comunidade educacional agora aguarda a divulgação do conteúdo do PNE. “Há uma expectativa bem positiva da proposta que o governo vai encaminhar para o Congresso Nacional e obviamente, dependendo do que for encaminhado para o Congresso, todo o movimento educacional vai se mobilizar para que os pontos positivos sejam aprovados e os pontos que estiverem em contradição com todo o debate educacional no país, que a gente consiga reverter no Congresso”, acrescenta o secretário.

E para que a divulgação seja feita, no último dia 10 de dezembro, durante a reunião do Conselho Nacional de Entidades, que reuniu representantes das filiadas à Confederação, a CNTE aprovou uma nota que será encaminhada ao ministro da Educação Fernando Haddad (
Leia aqui a íntegra do documento). A Confederação pede, além da urgência na divulgação do Plano Nacional de Educação (PNE) – 2011/2020, a constituição do Fórum Nacional de Educação antes do término da gestão do presidente Lula, a impressão dos fascículos do programa Profuncionário e a definição do calendário de negociação do Piso do Magistério. (Leia aqui a íntegra do documento).

Valorização do professor e recursos

Em declarações à imprensa, o Presidente Lula e o ministro Fernando Haddad ressaltaram que o novo Plano terá foco no professor e trará também proposta de aumento de recursos para a educação que passaria a ter 7% dos atuais 5% do Produto Interno Bruto. Para Denílson, para que os profissionais em educação sejam valorizados, questões como a formação dos educadores precisam estar no PNE. “Nós tivemos deliberações muito positivas na CONAE. Obviamente que a valorização do professores e profissionais de educação passa por aspectos como o reconhecimento financeiro com salários dignos bem como a implantação imediata do Piso. Outro aspecto importante é a formação desde a formação inicial até a formação continuada. Esse profissional de educação necessita de formação, necessita que o estado implemente de fato políticas que traga para ele profissionalmente um avanços para a sua carreira”, explica.

Quanto ao aumento dos recursos, o secretário geral da CNTE reconhece o avanço mas acredita que ainda é necessário ter mais recursos. “Desde o primeiro plano nacional de educação, foi discutido pela sociedade civil um investimento de 10% do Produto Interno Bruto. Algo que foi vetado pelo presidente FHC e não conseguimos derrubar o veto no governo do presidente Lula, mas gradativamente a CONAE fez a discussão desse aumento, estipulando metas e vamos esperar que de fato o investimento do PIB aumente. Hoje temos 5%. Elevar para 7% é um avanço importante mas ainda está aquém das necessidades, das discussões da sociedade civil que precisa de mais investimentos”, complementa.
(CNTE)

Fonte: www.cnte.org.br

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

SIND-UTE MG ORGANIZA CAMPANHA SALARIAL EDUCACIONAL 2011


SIND-UTE MG ORGANIZA CAMPANHA SALARIAL EDUCACIONAL 2011

A eleição de Antonio Anastasia para Governador de Minas Gerais para o período 2011/2014 representa o “3º ciclo do choque de gestão”. Isso significa a manutenção e aperfeiçoamento do modelo de estado caracterizado pela ausência de investimentos em políticas públicas, congelamento da carreira dos servidores públicos, aprofundamento de mecanismos de avaliação com vistas ao congelamento salarial, maior empobrecimento dos aposentados, incapacidade de estabelecer relações democráticas de negociação com a categoria e o boicote à gestão democrática.

Por outro lado, o Sind-UTE/MG atuou nos últimos meses como instrumento de pressão e denúncia do que a categoria tem sofrido. Denunciamos também o que ainda poderá acontecer. Quando o Governador anunciou o pedido de lei delegada à Assembleia Legislativa, o Sind-UTE/MG iniciou um diálogo com a sociedade demonstrando os prejuízos à democracia e aos servidores que tal medida trará. Além disso, representamos contra o pedido do Governador junto ao Ministério Público Estadual, denunciamos a questão numa Audiência Pública realizada no dia 25/11 e manifestamos nossa posição a cada um dos 77 deputados estaduais.

A vitória judicial conquistada pelo Sindicato com o deferimento de uma liminar garantindo a todos os inscritos a certificação para direção de escola que pudessem fazer a prova foi importante na luta pela gestão democrática na escola. A tentativa de exclusão de centenas de profissionais para a realização das provas foi uma clara posição da Secretaria de Estado de Educação de limitar a participação da categoria que está cansada de autoritarismo no interior da escola.

Por tudo isso, o ano de 2011 trará inúmeros desafios que precisam ser enfrentados:

1) Unidade da categoria: o Governo do Estado com a participação da APPMG tem fomentado a divisão na categoria entre efetivos e efetivados. Esta divisão só traz enfraquecimento e deixa o governo livre para atuar prejudicando a todos. É tarefa de todos construir a unidade para sermos vitoriosos na campanha salarial do próximo ano.

2) Campanha salarial: precisamos começar a articular nossa próxima campanha com competência e agilidade. Toda a categoria precisa se ver representada na pauta de reivindicações. Nesta perspectiva, as escolas e subsedes devem iniciar a discussão da nossa pauta ainda este ano. Nossa pauta terá como eixos: salário, carreira, vínculo (propostas relativas a concurso, situação dos efetivados, etc)gestão democrática, IPSEMG e educação de qualidade. Teremos muitos problemas no início de 2011 como a regulamentação de 30 horas para professor, a implementação da tabela do subsídio, a organização do quadro da escola. Por isso iniciaremos o ano letivo já em campanha salarial com a realização de discussões no interior da escola, encontros regionais e assembleia estadual.

3) A atual proposta pedagógica da Secretaria de Estado da Educação não atende às necessidades da comunidade mineira nem as expectativas dos trabalhadores em educação. Por isso precisamos discutir e definir a posição que nosso Sindicato defenderá com a realização da Conferência Estadual da Educação em fevereiro de 2011.

Todas estas estratégias foram discutidas e aprovadas pelo Conselho Geral da entidade que se reuniu no dia 27 de novembro.

Todos e todas à luta para uma vitoriosa campanha salarial educacional 2011!

Direção Estadual do Sind-UTE/MG

Fonte:http://www.sindutemg.org.br/novosite/conteudo.php?MENU=1&LISTA=detalhe&ID=1037


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Conselho propõe fim da reprovação até o 3º ano

O parecer recomenda que os três primeiros anos do Ensino Fundamental sejam considerados um bloco único, um ciclo de aprendizagem


BRASÍLIA – As novas diretrizes curriculares para o ensino fundamental de nove anos foram aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Uma das determinações do órgão é que todos os alunos devem ser plenamente alfabetizados até os 8 anos. O órgão ainda “recomenda fortemente” que as escolas não reprovem os alunos até o 3° ano dessa etapa.


O parecer foi homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, e será publicado na segunda-feira (13) no Diário Oficial da União (DOU). “Nossa orientação é muito clara: todas as crianças têm direito de aprender, e as escolas devem assegurar todos os meios para que o letramento ocorra até os 8 anos de idade. Não é uma concepção simplista de que defendemos a aprovação automática”, explica o conselheiro César Callegari, relator do processo.


O parecer recomenda que os três primeiros anos do Ensino Fundamental sejam considerados um bloco único, um ciclo de aprendizagem.


Durante esse período, a escola deve acompanhar o desempenho do aluno para garantir que ele seja alfabetizado na idade correta. O texto ressalta que cada criança tem um ritmo diferente nesse processo que, por isso, deve ser contínuo. “Assim como há crianças que, depois de alguns meses, estão alfabetizadas, outras requerem de dois a três anos para consolidar sua aprendizagem básica”, diz o documento.


Além disso, para o Conselho, a descontinuidade e a retenção de alunos têm significado um grande mal para o país, sobretudo para crianças nessa fase. “Não tem cabimento nenhum atribuir à criança a insuficiência da aprendizagem, quando a responsabilidade é da escola”, defende Callegari.


O parecer determina quais são as disciplinas básicas do ensino fundamental, atualizando o currículo após a criação de leis que tornaram obrigatório, por exemplo, o ensino da música. O próximo passo será definir “expectativas de aprendizagem” para cada fase, ou seja, o que cada criança brasileira tem o direito de aprender em cada série ou bloco.


O Ministério da Educação (MEC) está trabalhando nisso junto com estados, municípios e pesquisadores. “Queremos que as escolas e sistemas de ensino construam seus currículos, mas a partir dessas expectativas”, explica o conselheiro.


Fonte:http://www.hojeemdia.com.br/

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

PEDAGOGIA DA VIOLÊNCIA: entre a vergonha e o luto


Vincent van Gogh, 1890

por Lúcio Alves de Barros*


É lamentável, triste, vergonhoso e extremamente sério o episódio que culminou no assassinato do professor Kássio Vinícius Castro Gomes, de 39 anos, formado em Educação Física e mestre em Lazer pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no Instituto Isabela Hendrix, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte (MG), na noite de terça-feira (07/1202010). O docente do curso de Educação Física foi morto a facadas no ambiente de trabalho por um aluno inconformado com sua reprovação.

O estudante de Educação Física Amilton Loyola Caires, de 23 anos, foi preso em sua casa, no Bairro União, Região Nordeste de Belo Horizonte. O estudante ainda é considerado "suspeito", apesar das câmeras de segurança interna do prédio terem flagrado o acontecido. É curioso como a mídia ainda tem se calado sobre o episódio. Ao contrário da aluna da Uniban, o professor não terá a oportunidade de fazer parte da "Fazenda" (Graças a Deus!) e também (talvez com muita luta dos entes que ficaram) não terá o direito à indenização. De qualquer forma, este é um acontecimento que merece uma maior veiculação por três motivos.

Em primeiro, porque não é possível que as autoridades fechem os olhos para o que anda acontecendo nos cursos de nível superior que há tempos foram invadidos pela violência, o desrespeito, o sadismo e a perversão. Professores são vítimas de brutalidade, crueldade e ameaças constantes. O caso do professor de Educação Física pode ser considerado pelo Instituto Isabela Hendrix como um fato "isolado", mas ele é ostensivo na sua invisibilidade, sutileza e formas "simbólicas" de brutalidade, crueldade e covardia. Para os menos avisados, o Sindicato dos Professores (Sinpro) tem uma boa pesquisa sobre a violência nas escolas privadas e um bom número de docentes entrevistados atua no "nível" superior.

Em segundo, a morte do docente, apesar de aparentar somente "um" motivo, permite muitas inferências que, pelo andar da carruagem vamos pagar e caro no futuro. Embora o país se gabe com o montante de alunos em curso superior, ao ponto das faculdades não terem alunos para lotarem as salas em determinados cursos, a morte de um professor e a violência ostensiva nas salas de aula revelam o estado da arte de massificação da educação superior. É bom dizer que, nos dias atuais, qualquer um pode entrar em uma faculdade para cursar qualquer curso, desde que ele tenha as mínimas e máximas condições de pagar pelo "balcão de negócios" que se tornou a educação em nível "superior". Massificação não quer dizer democratização. As massas não são identificáveis, carregam coisas sujas, tal como as enchentes das chuvas de verão que castigam nossas cidades. O acontecimento no Instituto é o início da boca de lobo, a qual só é lembrada em tempos de inundação e necessidade de rápida limpeza no intuito de impedir um outro transbordamento.

Em terceiro, é forçoso mencionar a falta de civilidade entre pares. Não é possível educação (elementar nas relações entre professor-aluno) em uma sociedade distante dos mínimos preceitos da civilização, construída a duras penas e com instituições que ainda deixam a desejar. Mais que isso, a morte do professor reforça o ambiente de barbárie e medo que se transformaram as faculdades e universidades, notadamente as particulares, nas quais a autoridade deixou o professor e caminhou rápido para o carnê da mensalidade. Alunos potentes, oniscientes, onipresentes fazem a festa na falta de um bom conjunto de normas e regras garantidoras de respeito, tolerância, disciplina e hierarquia em relação ao outro que é diferente e, por definição e mérito, agente de formação e educação.

Espera-se que o caso do assassinato do mestre não seja algo "generalizável", teríamos falta de professores em pouco tempo. Todavia, a violência nos ambientes considerados superiores se tornou algo corriqueiro, "normal" e ouso a dizer, um problema de segurança pública. As instituições de ensino não têm o direito de reduzir o problema na obrigatória e necessária relação professor-aluno. Elas têm a responsabilidade e fazem parte desse cenário sem grandes esperanças e, atualmente, repleto de insegurança e medo. Na verdade, penso que somos um pouco responsáveis pela morte do professor (desde o início do ano tenho postado várias notícias de violência ente alunos-alunos e alunos-professores neste blog), haja vista que poucos docentes não foram vítimas de indelicadezas, desrespeito, ameaças, agressões físicas, fofocas, humilhações e violências com "s" no final. O nosso calar é o início do falar do outro. Um falar corporal com duras consequências e ressonâncias sobre o corpo docente. É óbvio que nenhum educador espera alunos ideais e professores padronizados que operam tal como trabalhadores da famosa linha fordista de produção. Mas é desnecessário abrir mão da tolerância, da generosidade e da alteridade nos ambientes educacionais que há tempos vem se transformando em "clubes da luta", locais nos quais se operam no silêncio, nas fachadas e no cinismo. Infelizmente, tais relações não foram capazes de livrar Kássio Vinícius Castro Gomes, um professor casado e pai de dois filhos, um de quatro e outro de seis anos.

* - É mestre em sociologia e doutor em Ciências Humanas pela UFMG. Professor na FAE (Faculdade de Educação) da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Comissão Aprova Jornada Mínima de Sete Horas na Rede Pública

Autor: Agência Câmara
Data: 25/11/2010


Conforme texto aprovado, escolas terão até 2020 para implementar a nova jornada. PEC será analisada pelo Plenário.

A comissão especial criada para examinar e dar parecer sobre projetos que envolvam matéria de competência de mais de três comissões de mérito. Em vez de tramitar pelas comissões temáticas, o projeto é analisado apenas pela comissão especial. Se aprovado nessa comissão, segue para o Senado, para o Plenário ou para sanção presidencial, dependendo da tramitação do projeto. que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 134/07aprovou nesta quarta-feira a ampliação da jornada escolar da rede pública para, no mínimo, sete horas. Conforme o substitutivo Espécie de emenda que altera a proposta em seu conjunto, substancial ou formalmente. Recebe esse nome porque substitui o projeto. O substitutivo é apresentado pelo relator e tem preferência na votação, mas pode ser rejeitado em favor do projeto orda relatora, deputada Professora Raquel Teixeira (PSDB-GO), a medida valerá para a educação infantil e os ensinos fundamental e médio regulares.

O texto fixa que as escolas terão até 2020 para implementar a nova jornada. Segundo a relatora, o prazo de dez anos levou em conta as diferenças da realidade educacional entre os diversos estados. O substitutivo também prevê atividades opcionais extraclasse, após as sete horas diárias mínimas - nesse caso, as famílias e os próprios estudantes deverão decidir se querem ou não participar.

Impacto financeiro
Para a implementação progressiva do ensino integral, estados e municípios contarão com "apoio técnico e financeiro" da União. Segundo Raquel Teixeira, com R$ 20 bilhões seria possível adotar hoje a jornada de sete horas em todos os colégios. “Esse dinheiro não é nada perto do retorno que a medida traz para a sociedade”, disse.

Universalização do ensino
A relatora argumentou que a escola em tempo integral tem reflexo direto na aprendizagem e na socialização de crianças e adolescentes. "Uma hora a mais na jornada aumenta em 66% o aprendizado do aluno. Hoje, os ricos podem manter os filhos na escola regular em um turno e em aulas de inglês e computação em outro. O texto universaliza o ensino e dá um tratamento mais justo a todos”, destacou.

Marcelo Brandt

Alceni Guerra: ensino integral reduz a criminalidade.Para o autor da proposta original, deputado Alceni Guerra (DEM-PR), a escola integral é um mecanismo eficaz para melhorar a qualidade de vida das pessoas. "A educação integral reduziu a criminalidade nas cidades onde já é aplicada. A adoção desse modelo em todo o País depende de vontade política, pois dinheiro nós temos”, afirmou.

Punições
O texto original estabelecia punições para os agentes públicos responsáveis pela ausência de crianças e adolescentes em escolas. As penas previstas eram de perda de cargo ou mandato e de inelegibilidade por oito anos. Raquel Teixeira, no entanto, preferiu deixar essa discussão para os projetos (PL 247/07, PL 600/07 e PL 7420/06) que tratam da lei de responsabilidade educacional, por entender que é mais apropriado regular conjuntamente as condutas dessas autoridades.

Tramitação
A PEC será analisada agora pelo Plenário. O texto precisará ser aprovado em dois turnos.

Íntegra da proposta:


Plano de educação quer fixar em lei reajuste a professor

São Paulo - O Plano Nacional de Educação para 2011-2021, que o governo está terminando de desenhar, trará ao menos uma proposta que promete incomodar Estados e municípios e criar uma briga no Congresso: o reajuste real, previsto em lei, para o piso dos professores. Hoje em R$ 1.024,67, o piso, aprovado em 2008, ainda é considerado baixo pela União, mas quem paga a conta, prefeituras e governos estaduais, julga o valor atual alto.

"O problema não é aumentar. Os professores precisam ganhar bem. A questão é quem vai pagar a conta. As prefeituras estão no limite", diz o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski.

Aprovado em 2008 já com a previsão de um aumento anual com base na inflação, o piso foi alvo de ações na Justiça por parte de governadores e prefeitos que alegavam a impossibilidade de pagar R$ 950 (valores de 2009) para seus professores. A lei foi mantida e em 2010 o piso subiu para os atuais R$ 1.024,67. Ainda assim, avalia o governo, é pouco. Um professor, que hoje precisa ter curso superior, não pode ganhar menos do que trabalhadores sem qualificação, como ocorre hoje. A intenção é chegar, aos poucos, a R$ 3 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

03/ 12 Dia Internacional do Deficiente Físico


Trabalho, educação, reabilitação e diversão estão garantidos na Constituição

No ano de 1982, a Assembleia Geral da ONU – Organização das Nações Unidas, criou um programa que visa atender as necessidades das pessoas com qualquer tipo de deficiência física, o Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência.

Dez anos depois, no dia 14 de outubro, a Assembleia instituiu o dia 03 de dezembro como o dia internacional do deficiente físico, para que pudessem conscientizar, comprometer e fazer com que programas de ação conseguissem modificar as circunstâncias de vida dos deficientes em todo o mundo.

Podemos considerar como deficiência física, quando alguma parte do organismo humano não apresenta um funcionamento perfeito, porém isso não pode ser considerado como diferença, pois existem várias pessoas com os mesmos tipos de limitações que as tornam normais dentro de suas possibilidades.

Com o passar dos anos, a deficiência passou a ser vista como uma necessidade especial, pois as pessoas precisam de tratamentos diferenciados e especiais para viver com dignidade. Sabemos que isso não acontece, pois o mundo não é adaptado para essas pessoas, que sofrem muito em seu dia a dia.

Construir rampinhas nas ruas é uma forma de mascarar o verdadeiro tratamento que os mesmos deveriam receber. Além destas, em nosso meio social deveria existir leitura em braile para atender os deficientes visuais; acesso aos ônibus e lugares públicos aos cadeirantes; que a população aprendesse a conversar na linguagem de libras, para atender os surdos/mudos; além de planos governamentais voltados para a saúde e reabilitação dessas pessoas, visando amenizar suas dificuldades bem como capacitá-las para a vida social, para o exercício da cidadania.

As escolas deveriam ter profissionais preparados para lidar com as limitações, assumindo maior compromisso com a formação dos professores, coordenadores e diretores, que muitas vezes não sabem como lidar com as necessidades especiais. É dever da escola promover conhecimento a fim de garantir o aprendizado de uma profissão, dando-lhes garantia e dignidade para o futuro.

Não adianta afirmar que a sociedade não está preparada. Passou da hora de arregaçarmos as mangas e tratar os portadores de necessidades especiais como pessoas normais, pois são normais embora tenham algumas limitações. Todas as pessoas são diferentes, assim como a cor dos olhos, dos cabelos, a raça, enfim, existem aquelas que apresentam as diferenças físicas, mas que são pessoas como outra qualquer.

Tratá-las com indiferença ou com desrespeito são formas de preconceito, previsto na Constituição do Brasil, assim como é direito desses estar incluídos na sociedade, pois são produtivos e capazes.

Podemos nos certificar das capacidades dos portadores de necessidades especiais nos jogos paraolímpicos, onde os mesmos atingem recordes e conquistam várias medalhas. Participam de várias modalidades esportivas, como atletismo, futebol, natação, basquete, dentre outras.

A sociedade já mudou muito nos últimos anos em relação às necessidades especiais, mas ainda temos muito que melhorar. Hoje em dia podemos ver essas pessoas trabalhando em empresas, como supermercados, lanchonetes, restaurantes, farmácias, escolas, pois a lei obriga que um percentual dos funcionários sejam portadores de necessidades especiais, como forma de garantir-lhes oportunidades no mercado de trabalho.

Dessa forma têm assegurado a integração social além de conviverem com valores de igualdade de oportunidades. Mas será que isso realmente acontece? Pensem nisso!

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola

o atual ritmo, Brasil vai alcançar aprendizado adequado à série somente em 2050

Ana Okada

Caso as políticas de Educação no país continuem como estão, o país só irá atingir a totalidade de aprendizagem adequada às séries no ano de 2050. Essa é uma das conclusões do relatório "De olho nas metas 2010" do movimento "Todos pela Educação". De acordo com os dados divulgados na quarta-feira (1º), em matemática, apenas o ensino fundamental 1 (até o 5º ano) superou a meta estipulada pelo movimento: 32,6% dos estudantes dessa etapa tiveram o aprendizado adequado; a meta estipulada havia sido de 29,%.

O nível fundamental 2 (até o 9º ano) ficou abaixo da meta de 17,9%, com 14,8%; o nível médio, também: só 11% dos estudantes atingiram o aprendizado adequado na disciplina, enquanto a meta a ser atingida era de 14,3%. Os dados indicam uma tendência dos anos iniciais de terem um melhor resultado em matemática do que os anos mais avançados.

Em português, porém, deu-se o contrário: fundamental 2 e médio foram os únicos níveis que venceram metas. O primeiro, tinha meta 36,6% e atingiu 34,2% de aprendizagem no ano certo. O segundo, tinha meta 24,7% e chegou a 26,3%/ o último tinha meta 26,8% e chegou a R$ 28,9%.

O professor Simon Schwartzman explica que em português os jovens podem ir melhor porque isso depende também do ambiente familiar. "Em matemática, não; ou a escola ensina, ou não ensina", diz.

Para que haja maior número de estudantes com aprendizado equivalente ao da série em que se está, Schwartzman salienta que é preciso "abrir essa 'caixa preta'", e rever a qualidade do ensino dado, bem como o currículo aplicado.

O relatório, baseado em dados da Prova Brasil e do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), ambos do MEC (Ministério da Educação), monitora cinco metas do movimento. A "meta de aprendizagem" defendida pelo Todos pela Educação é a de que, até 2022, 70% dos alunos tenham aprendido o que é adequado para a sua série. "Se não fizermos as coisas de maneira diferente, vamos chegar à meta só em 2050", salientou Priscila Cruz, diretora da equipe executiva do movimento.

Evolução

Comparando a evolução dos dados de aprendizagem adequada desde 1999, precebe-se ainda que o ensino médio está estagnado - de 27,6% em português em 1999 foi para 28,9% em 2009 - e, em matemática, houve decréscimo de estudantes - número que foi de 11,9% em 1999, foi para 11% em 2009.

O crescimento de alunos com aprendizagem adequada continua se concentrando no fundamental 1: de 24,8 em português em 1999, foi para 34,2%. Em matemática, foi de 14,4% em 1999 para 32,6%. O fundamental apresenta bom crescimento somente em português: de 18,6% em 1999, hoje há 26,3%/ em matemática foi de 13,2% para 14,8%.

Evolução da % de alunos com aprendizado adequado à série

ANO19992009
PORTUGUÊS - 5º ano24,834,2
MATEMÁTICA - 5º ano14,432,6
PORTUGUÊS - 9º ano18,6%26,3
MATEMÁTICA - 9º ano13,214,8
PORTUGUÊS - 3º ano do médio27,628,9
MATEMÁTICA - 3º ano do médio11,911